TRIBUNA DA BAHIA: Os políticos baianos listados como inelegíveis com base na Lei da Ficha Limpa desdenham da situação, dizem que estão sendo “injustiçados” e falam claramente que não se preocupam, porque vão “provar” que quem os enquadrou está errado; as centenas de condenações (sic) do Tribunal de Contas do Município, publicadas praticamente todos os dias na imprensa baiana e anunciando multas consideráveis ou obrigação de devolução de somas até milionárias aos cofres públicos por parte de prefeitos corruptos, acabam na gaveta, dando a entender que tudo não passa de mais um grosso teatro: eu finjo que multo, você finge que paga. Mas ninguém paga coisa alguma.
Nos palanques, desrespeito total à lei eleitoral, até por parte do próprio presidente da República, que, inclusive, ironiza e ridiculariza quando é admoestado (será mais um teatro?) pelo TSE, tribunal este que anda liberando poderosos passíveis de serem enquadrados na Ficha Limpa.
Em Salvador, bancos e supermercados desdenham publicamente de leis municipais cujo único fito é o de tornar menos infernal a vida dos clientes desses grandes e monopolistas conglomerados, enquanto, nas vielas e ruas de menor movimento, são escancaradas as infrações à lei da Carga e Descarga.
Diz a lei que ninguém pode ser morto sumariamente pela Polícia, já que todos teriam direito a julgamento. Mas mata-se como se mata gado num abatedouro e, nos bastidores, autoridades e cidadãos aplaudem a matança. Reza a lei que o único imóvel de um cidadão não pode ser penhorado por causa alguma (está na Constituição), mas a Justiça do Trabalho, na Bahia, recentemente não só penhorou como vendeu a única moradia de um cidadão, pondo-o no olho da rua.
Garante a lei, nossa Constituição, que gozamos de liberdade total de expressão. Estou aproveitando enquanto ela AINDA é cumprida. E ponham suas barbas de molho.
Por Alex Ferraz
EM TEMPO (Tribuna da Bahia Online)