terça-feira, julho 13, 2010

Corpo de juiz é sepultado no Jardim da Saudade

Meire Oliveira e Hieros Vasconcelos | A TARDE*

O corpo do juiz Carlos Alessandro Pitágoras Ribeiro, 38 anos, substituto da Comarca de Camamu, assassinado neste sábado, 10, à queima-roupa por um policial militar em serviço, foi enterrado por volta das 17h40 deste domingo, 11, no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas, Salvador.

Familiares, amigos e colegas de trabalho deram o último adeus ao magistrado e reafirmaram que, além de ser uma pessoa calma e tranquila, não acreditam na versão contada pelo policial.

A presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Tema Brito, esteve presente no sepultamento do juiz, mas não quis falar com a imprensa. Já a presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), Nartir Weber, disse que a entidade sente com pesar a morte e que Carlos Alessandro era atuante e compromissado com a Justiça.

O oficial de justiça Jorean Muniz também contesta a versão e afirmou que a mesma foi planejada. “O que está sendo contado é mentira. Ele não sairia com arma na mão. Essa foi uma versão criada. Esta atitude não faz parte da índole dele”.

O enterro, que estava previsto para acontecer às 15h30, foi adiado para 17h30 por causa da chegada tardia de amigos e parentes da vítima. A esposa do juiz, identificada apenas como Jamile, estava sem condições emocionais e não acompanhou o cortejo fúnebre nem o sepultamento.

Duas caravanas saíram de Valença, cidade onde o juiz morava, e de Camamu, onde ele trabalhava.

Crime – De acordo com depoimento do soldado da Polícia Militar (PM) acusado pelos disparos, Daniel dos Santos Soares, lotado na 35ª Companhia Independente da PM, ele atirou contra o juiz após ter parado seu veículo próximo ao Centro Empresarial Iguatemi neste sábado, 10, por solicitação do próprio magistrado, que teria descido do carro armado.

O soldado alega que atirou na clavícula do magistrado na intenção de interceptá-lo, mas que este continuou andando em sua direção até ser baleado no abdômen. O PM solicitou socorro, mas quando a Samu chegou o juiz já estava morto.

Familiares da vítima não quiseram comentar o crime, mas há rumores de que o magistrado estaria caído quando o policial atirou pela segunda vez. O soldado disse que não o conhecia e não explicou porque parou o veículo ao ser solicitado, nem o motivo pelo qual o magistrado teria pedido que ele parasse. O PM, que estava fardado, se dirigia para a 35ª CIPM.

Pitágoras Ribeiro era conhecido como uma pessoa calma em Valença, de acordo com moradores da cidade. Segundo a nota de falecimento da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), ele era um profissional atuante e, antes de ser transferido para Camamu, trabalhava na Vara do Consumidor, em Salvador, e na Vara Criminal, em Valença. O juiz deixa mulher e uma filha de 5 anos.

A PM não se pronunciou sobre o crime, nem a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Telma Brito, que designou a juíza Inez Maria Brito Santos Miranda, assessora especial da presidência, para acompanhar o caso.

*Com redação de Paula Pitta | A TARDE On Line