sábado, julho 03, 2010

Chuva, festa e campanha no 2 de Julho

Lílian Machado e Luiz Fernando Lima

Mesmo debaixo de chuva e sem a forte presença do povo nas ruas, que deu preferência ao jogo do Brasil, os candidatos ao governo da Bahia impuseram um clima de campanha ao desfile cívico do Dois de Julho. Os postulantes ao Palácio de Ondina compareceram em peso ao Centro Histórico de Salvador.

Numa tentativa de aquecimento para a campanha, que começa oficialmente na terça-feira, os candidatos Jaques Wagner (PT), Geddel Vieira Lima (PMDB), Paulo Souto (DEM) e Luiz Bassuma (PV) enfrentaram uma caminhada de seis quilômetros, acompanhados de uma comitiva de correligionários e militantes. Durante o ato que celebra a expulsão das tropas portuguesas da Bahia, em 1823, os concorrentes ao governo baiano anteciparam o tom do processo eleitoral.

O governador Jaques Wagner (PT), um dos primeiros a chegar ao Largo da Lapinha, local de largada do cortejo, testou sua popularidade ao cumprimentar grandes grupos que se preparavam para desfilar. “É ano eleitoral, a caminhada fica mais quente apesar da chuva. No entanto, Dois de Julho é independência, é democracia e cidadania, e cidadania corresponde ao exercício da política. Cada um diz o que é, e o povo decide na hora certa”, afirmou o governador Jaques Wagner. Ele ainda ressaltou a importância do respeito entre os concorrentes. “Eu não preciso falar mal de ninguém, todos têm espaço para falar de si, eu vou falar de mim e isto basta”, disse.

Já na abertura do evento, às 7h, a população pôde sentir que o processo todo seria muito mais rápido do que o normal. Para Wagner, esta dinâmica é muito natural. “Acho que o Governo do Estado e a Prefeitura fizeram certo antecipando o cortejo. Demos oportunidade para que o povo pudesse torcer pela cidadania, reverenciando os heróis da independência, e torcer também para a seleção brasileira”, explicou o governador.

O governador contou a participação de todos os membros de sua chapa majoritária, entre eles, o candidato a vice, Otto Alencar (PP), e os postulantes ao Senado Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), que mostraram bastante disposição e distribuíram acenos, recebendo palavras de incentivo dos militantes e poucos populares que acompanhavam de perto o grupo.

Ao lado do governador, deputados estaduais e federais, além de militantes dos partidos aliados e populares simpatizantes se espremeram durante o trajeto. Membros do PCdoB também caminharam ao lado de Wagner, e negaram a existência de qualquer desentendimento entre as legendas. Nas últimas semanas, o presidente estadual do Partido Comunista, Daniel Almeida, declarou que havia insatisfação por parte do seu partido com relação à composição da suplência da chapa majoritária. No entanto, Almeida revelou, antes do evento, que conversou com Wagner e que as negociações estavam em andamento.

Policiais agradecem ao governo

As primeiras manifestações do dia foram favoráveis ao governador e vieram já na Ladeira da Soledade, onde moradores decoraram suas casas com faixas de apoio ao gestor do estado, ao 2 de Julho e à seleção brasileira. Contudo, a chuva, realmente, comprometeu a participação popular. “Nunca vi um 2 de Julho tão vazio”, afirmou Ângela de Oliveira, de 69 anos. O que se viu no cortejo foi a presença expressiva de funcionários públicos e militantes dos partidos.

Foi também neste trecho que um grupo de policiais civis estendeu uma faixa cobrando a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que estabelece a equiparação nacional do piso da categoria. Entretanto, a proposta é de competência nacional, e tramita na Câmara Federal, mas os manifestantes utilizaram o 2 de Julho para pressionar os deputados, de modo pacífico.

Outro grupo de políciais ergueu uma faixa agradecendo ao governador pela convocação de aprovados e cobrando a nomeação de outros. Wagner defendeu as manifestações, reafirmando que desde que sejam pacíficas, elas são bem-vindas na democracia, disse ainda que o governo tem procurado atender às demandas da categoria policial como possível. Em frente ao Terreiro de Jesus, no Pelourinho, os manifestantes aplaudiram o governador. “Pela forma que lidou com o ato” a afirmação é de um dos manifestantes que não quis si identificar.

Wagner briga por abertura da Copa

Empolgado com o clima da Copa e com as obras que visam a preparação para o Mundial de 2014, que terá Salvador como uma das sedes, o governador Jaques Wagner anunciou que tem o objetivo de trazer para a Bahia a cerimônia de abertura da Copa do Mundo. Conforme relatou, ele integrará a comitiva do presidente Lula que seguirá para a África do Sul para acompanhar a fase final do torneio, exigência da Fifa pelo Brasil ser a sede do próximo Mundial. Na ocasião, Wagner deve entrar em contato direto com a comissão da entidade que organiza previamente o torneio para conquistar a cerimônia.

O chefe do Executivo estadual condenou também a atitude do Ministério Público de tentar bloquear a demolição e reconstrução do Estádio da Fonte Nova. “Eu não acho que os técnicos do MP sejam melhores do que os nossos”, disse, destacando que a gestão tem sido “atenta” às questões que envolvem a obra.

Paulo Souto quer debater a Bahia

Embalado no ambiente de campanha dos outros concorrentes, o candidato democrata ao governo, Paulo Souto, participou até o final do desfile. Durante o cortejo seguido por um grupo de militantes com mensagens estampadas, Souto parou para tirar fotos e abraçar eleitores. Segundo ele, a partir de agora será possível implementar um novo ritmo, com a participação nos programas eleitorais e nos debates.

“O pior momento da campanha já passou, uma vez que agora já será possível aparecer nas TVs, rádios e internet no horário eleitoral obrigatório como oficialmente candidato e poder, desta maneira, apresentar nosso programa de governo à população baiana”.

Com críticas dirigidas ao governo atual, o candidato condenou “o uso da máquina para fazer campanha e ficar exposto na mídia, como faz Jaques Wagner”. Em entrevista a Tribuna da Bahia, ele se disse otimista e “que sua campanha será dirigida à apresentação de projetos novos para a Bahia”. “Não iremos descampar para a agressão gratuita, mas nem por isso deixaremos de apontar os erros da atual gestão frente ao estado”, acrescentou.

Sobre a ameaça de alguns deputados estaduais baianos de não pedirem votos para o presidenciável José Serra (PSDB), ele disse que o fato já está “superadíssimo”. “Aqueles que não tiverem convencidos de pedir votos para Serra, nós vamos convencê-los”, bradou. Participaram do cortejo do DEM, os candidatos ao Senado, José Carlos Aleluia e José Ronaldo, o senador ACM Jr., o deputado federal ACM Neto e alguns integrantes do PSDB, a exemplo do presidente estadual do partido, Antonio Imbassahy.

Fonte: Tribuna da Bahia