Fábio Góis
O presidente nacional do PMDB e da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), distribuiu ofício aos delegados regionais dos partidos convidando-os para a Convenção Nacional Ordinária, no próximo dia 12, em Brasília. Na convocação, porém, Temer mencionou que na pauta havia apenas a decisão sobre a sua indicação para vice-presidente na chapa da candidata do PT, Dilma Rousseff, omitindo que também há uma proposta de candidatura própria do partido, do governador do Paraná, Roberto Requião.
O único item da ordem do dia registrada do documento – assinado por Temer em 1º de junho e publicado na última sexta-feira (4) no Diário Oficial da União – convoca os “companheiros” peemedebistas a aprovar sua indicação a vice. Nenhuma linha sobre o registro de candidatura própria do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, “formalizada” na quarta-feira (2) com as bênçãos do senador Pedro Simon (PMDB-RS).
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Em tese, a omissão do registro de candidatura do ex-governador no documento assinado por Temer daria margem a uma ação judicial – e é mais um sinal de uma divisão interna no PMDB, em que uma minoria apóia Requião. O desrespeito ao edital de convocação pode ser confirmado no parágrafo 1º do artigo 2: “O pedido de registro de candidatura será requerido pelo próprio candidato ou pela Comissão Executiva, até 48 horas antes da realização da Convenção Partidária”.
Burocracia
A assessoria de Temer argumentou que a burocracia levou à não inclusão da candidatura de Requião na pauta: o requerimento não pôde ser registrado por ter sido protocolado por meio de fax com a assinatura de Requião, além de uma carta levada a Temer, “em mãos”, por um dos filhos do ex-governador.
Presidente do PMDB gaúcho, Simon informou à reportagem que novo protocolo foi feito às 16h desta segunda-feira (7), desta vez com a assinatura “autenticada”. O senador disse ainda que a assessoria de Temer garantiu um “adendo” ao texto da pauta, com a devida inclusão da candidatura própria.
“Eles me garantiram [o registro do adendo]. Se não fizerem isso, sabem que posso entrar com uma ação judicial”, disse Simon, um dos fundadores do partido, explicando que cabe um mandado de segurança em caso de confirmação da infração ao edital. Segundo o senador, a assessoria de Temer não informou quando seria feito o reparo.
O lançamento da candidatura de Requião expõe a tendência de uma dissidência do partido com relação ao apoio à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Mas Simon e o próprio Requião sabem que são mínimas as chances de que a candidatura própria à Presidência seja aprovada na convenção nacional do PMDB, que deve confirmar o amplo domínio da ala paulista.
Outro fator determinante para a confirmação de Temer como vice de Dilma são as coligações regionais – hoje (segunda, 7), aliás, PT e PMDB chegaram ao consenso em torno da candidatura do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa para o governo de Minas Gerais. O acordo reforça a influência da ala majoritária representada por Temer, e de quebra favorece Dilma na corrida sucessória.
Fonte: Congressoemfoco