Carlos Chagas
Sábado próximo os três principais candidatos presidenciais estarão sendo sagrados, ainda que até a realização das convenções dos respectivos partidos devam ser considerados pré-candidatos.
José Serra, em Salvador, receberá as homenagens do PSBD, do DEM e do PPS, podendo até mesmo anunciar seu companheiro de chapa.
Dilma Rousseff, em Brasília, celebrará a aliança formal com o PMDB, aceitando a candidatura de Michel Temer como seu vice.
Marina Silva, em São Paulo, será apresentada pelo PV e aliados como postulante inarredável ao palácio do Planalto.
Espera-se que os três façam pronunciamentos densos a respeito de seus planos para o governo, caso eleitos. Não será, ainda, a divulgação dos programas de cada um, aquilo que na República Velha se chamava de “plataforma”. A previsão, no entanto, é que além de discursos de palanque, os candidatos apresentem definições concretas sobre política econômica, política externa, projetos sociais e reformas variadas, da tributária à eleitoral e partidária.
Caso isso aconteça, terá se iniciado nova fase da campanha presidencial, capaz de despertar a atenção do eleitorado ainda hoje distanciado desse turbilhão de entrevistas insossas, amorfas e inodoras que Serra, Dilma e Marina vem concedendo várias vezes por dia, nos mais diversos microfones e telinhas. Substância, é o que se espera deles.
Renovação
Houve tempo em que a renovação, no Congresso, ultrapassava 50%. O país vivia a ditadura e o eleitorado, que de bobo não tem nada, dispensava os deputados e senadores mais acomodados na Legislatura anterior. Não todos, é claro, mas aqueles que nada haviam acrescentado em termos de resistência ou de apoio aos militares. Registraram-se até 16 derrotas do partido oficial nas eleições de senador realizadas em 20 estados, as únicas majoritárias em que se podia votar contra o regime.
Com o retorno à democracia, diminuiu o percentual de renovação. Muita gente, no Congresso, apresentava propostas e mensagens capazes de sensibilizar a opinião pública. Como outros aferravam-se a práticas eleitoreiras e demagógicas em condições de garantir-lhes o mandato. Chegou-se a 30% de substituição dos parlamentares.
A pergunta que se faz é que fatores pesarão, em outubro, para promover permanências e substituições na Câmara e no Senado. O PMDB vem elegendo maiores bancadas, desde que serviu como aríete para a derrubada da ditadura, mas, pela metamorfose sofrida de lá para cá, manterá a posição? O PT vinha crescendo até mergulhar nos meandros do poder, ironicamente um fator responsável por sua estagnação. Mesmo assim, esses dois partidos, mais o PSDB, deverão preservar sua relação com as urnas. Mas a renovação de seus representantes poderá surpreender.
Fonte: Tribuna da Imprensa