quinta-feira, maio 27, 2010

Glaucoma não respeita sexo nem idade

Maria Rocha

A aposentada, Angélica Santos, 82 anos, há três anos fez cirurgia de catarata. Na mesma época recebeu a notícia de sua médica que também tinha glaucoma. A princípio, ela se assustou, mas passou a se informar mais sobre a doença e percebeu que podia viver normalmente, embora passasse a ter sua rotina alterada com o uso diário de um colírio.

“Agora, tenho de fazer consultas a cada três ou quatro meses e usar o colírio religiosamente; não posso esquecer por nada nesse mundo”, contou Angélica. Assim como a aposentada, milhões de pessoas desenvolvem o glaucoma e nem sabem. No Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, 26 de maio, centenas de baianos tiveram a oportunidade de fazer exames para detecção da doença gratuitamente.

A ação praticada ontem teve o apoio da Sociedade Oftalmológica da Bahia e da classe oftalmológica baiana com o objetivo de divulgar e orientar o paciente sobre os riscos do glaucoma que não tem cura, mas pode ser controlado. O evento de ontem serviu para alertar à população, mas uma campanha mais ampla já está definida para acontecer nos dias 15 e 16 de julho com o apoio das residências médicas de Salvador.

Uma doença silenciosa que lesa o nervo ótico progressivamente, alterando lentamente o campo visual e se não diagnosticada e tratada em tempo, pode levar à cegueira irreversível. O glaucoma pode afetar pessoas em todas as idades, mas o alerta vai principalmente para quem tem histórico familiar e acima de 40 anos.

Ela ocorre com maior incidência também em pessoas negras, detalhe ainda não esclarecido pela classe médica. Dados da literatura médica afirmam que em cinco anos 30-40% dos glaucomatosos não tratados podem evoluir para cegueira de um olho antes de terem consciência da doença.

Segundo a oftalmologista, Fabíola Mansur, estudos realizados em países desenvolvidos apontam que em torno da metade dos portadores de glaucoma primário de ângulo aberto nem sabem que tem a doença. “Certamente esta situação é mais grave em nosso país onde o acesso à educação e informação é menor. Assim podem existir hoje 600 mil glaucomatosos sem saber”, completou a oftalmologista que também é a vice-presidente da Sociedade Oftalmológica da Bahia. Geralmente, o glaucoma não apresenta sinais de aviso nem sintomas, como dor, associados ao distúrbio.

A perda da visão é gradual, e algumas vezes provável diminuição de uma parte importante da visão periférica antes que a pessoa perceba a existência de algum problema.

Cirurgia e colírios

“É importante se informar sobre a doença porque o diagnóstico precoce impede a progressão. O tratamento é à base de colírios ou cirurgias. Em ação, temos que pensar a doença como importante problema de saúde pública e todos nós devemos nos unir para combater os efeitos nefastos da cegueira que pode ser evitada se diagnosticada”, ressaltou a médica.

Mansur chama atenção das pessoas que fazem óculos em farmácias e são atendidas por optometristas (pessoas não aptas a examinar o globo ocular). “Eles não são capacitados a diagnosticar doenças importantes como glaucoma, catarata. Só quem pode cuidar da visão é o médico oftalmologista”, sentenciou Fabíola Mansur. De acordo com especialista, reduzir a pressão intraocular é de grande importância para preservar a visão. “A maioria dos olhos normais apresentam pressão intraocular entre 10 e 20 milímetros de mercúrio (mmHg).

Somente um oftalmologista poderá determinar qual é o nível de pressão ideal a ser atingida. É a partir desse diagnóstico que o médico poderá conter a evolução do glaucoma e também indicar o melhor tratamento”, completou.

Fonte: Tribuna da Bahia