adriano villela e agência folha
O impasse gerado dentro do Partido Progressista no plano nacional sobre quem apoiar na próxima eleição (Dilma Rousseff, do PT, ou José Serra, do PSDB) não encontrou eco no diretório da legenda na Bahia. Lideranças estaduais do PP afirmaram ontem que a aliança pela reeleição do governador Jaques Wagner (PT) não sofrerá alterações. Tanto o presidente estadual, deputado federal Mário Negromonte, como o ex-conselheiro do TCM, Otto Alencar – escolhido candidato a vice da coligação petista – destacaram que o casamento com os petistas foi formalizado com a anuência da cúpula nacional progressista e que não haveria uma ruptura brusca, ameaçando a permanência de Otto na chapa do PT. A verdade é que o partido, integrante da base aliada do presidente Lula está rachado. Nos bastidores, os caciques do PP já admitem que o embarque na candidatura petista não tem maioria dentro da sigla, o que leva a legenda a cogitar a possibilidade de migrar para a candidatura tucana, caso seja formalizado o convite para o partido disputar a vice-presidência na chapa do ex-governador de São Paulo. O indicado seria o presidente nacional progressista Francisco Dornelles, senador pelo Rio de Janeiro. “Como pode um partido com deputados da tradição de Mario Negromonte, João Leão e Roberto Britto voltar a trás numa coligação”, indagou Otto Alencar. Já o presidente do diretório estadual desprezou a possibilidade de os progressistas marcharem com o presidenciável tucano, José Serra. “O partido só avaliaria a possibilidade se houvesse um convite oficial de José Serra a (Francisco) Dornelles (para a candidatura a vice) e este convite não foi feito”, sustentou. Mário Negromonte considera que, aliado do presidente Lula nos dois mandatos, o PP tende mesmo a apoiar a candidatura a presidente de Dilma Rousseff, o que liquidaria com a hipótese de um revés na eleição para o governo baiano. “É Lula e Wagner nos oito anos”, prevê. Ele avalia a informação do racha nacional como “notícia plantada de gente que tem simpatia pelo PSDB”. IMPASSE - A executiva nacional do PP se reuniu ontem e fixou o final de maio como prazo para que os diretórios regionais do partido apresentem um relatório com detalhes sobre os impasses numa eventual coligação com o PT ou PSDB. “Assim poderemos pesar e avaliar o partido em âmbito nacional. Queremos que tragam os problemas de alianças para decidir”, disse o presidente nacional, Francisco Dornelles. O senador reconhece que o cenário político mudou dentro do partido. Na última avaliação interna, a maioria da legenda era favorável à coligação com Dilma. Agora, o PP estima que um terço dos seus filiados apoie a aliança com o PT, enquanto outro terço se mostra favorável a Serra. O resto do partido defende a neutralidade. “O partido está bem dividido. Vamos resolver tudo isso até junho”, disse o vice-presidente da legenda, deputado Ricardo Barros (PR). O PP é cortejado pelo PT e pelo PSDB, especialmente pelo seu tempo no programa eleitoral de rádio e TV —estimado em cerca de um minuto e 20 segundos. O PSDB cogita a possibilidade de oferecer a vice-presidência a Dornelles para conquistar o apoio do partido, enquanto o PT trabalha nos bastidores para manter a fidelidade da legenda a Dilma. Fonte: Tribuna da Bahia