sexta-feira, março 26, 2010

Vice ou Senado. Otto fecha com Wagner

Osvaldo Lyra

O ex-governador Otto Alencar deixará o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) na próxima segunda-feira, dia 29, para retornar à política. Com o aval da sua equipe médica, por estar recuperado de um câncer de próstata e de problemas cardíacos, o conselheiro do TCM deu o sinal verde para o governador Jaques Wagner (PT) fechar sua “chapa dos sonhos” - que incluiria ainda o senador César Borges (PR) e a deputada federal Lídice da Mata (PSB) - e partir para a disputa no dia 3 de outubro com mais poder de fogo. Anteontem, eles tiveram uma longa conversa. O resultado? Otto entrará na disputa como vice ou candidato ao Senado na chapa de reeleição do PT. “E isso quem define é o próprio governador”, como o conselheiro fez questão de dizer.

Cauteloso, o médico Otto Roberto Mendonça de Alencar, de 62 anos, afirma que só falará sobre política após se desincompatibilizar, na segunda. Há cinco anos e meio no TCM, ele abre mão da estabilidade e segurança do Tribunal (já que é um cargo vitalício e poderia permanecer até se aposentar, aos 70 anos) para voltar à política. Questionado se nutre algum medo, Otto diz que está preparado para encarar qualquer dificuldade ou desafio. “Estou trocando a segurança e estabilidade pela liberdade e possibilidade de voltar a fazer um grande trabalho em prol da população”, disse.

Ao afirmar que se sente completamente disposto para o retorno, Otto Alencar garante que sair da política foi muito mais fácil do que está sendo o retorno. No entanto, ele assegura que estará preparado para encarar “o que a vida e o destino quiserem”. “A equipe médica que me acompanha liberou. Não há nenhum impedimento para isso (entrar de cabeça nas eleições)”.

Natural de Ruy Barbosa - cidade da Chapada a 308 quilômetros de Salvador -, Otto diz que sua vida foi marcada por desafios. De acordo com ele, uma das coisas que mais lhe deram alegria ao longo de sua trajetória foi ter atuado como professor assistente de Ortopedia e Traumatologia na Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

TRAJETÓRIA - Depois de dez anos na vida acadêmica, Alencar resolveu entrar na carreira política, mais precisamente em 1986. Eleito deputado estadual constituinte pelo PTB, foi reconduzido à Assembleia Legislativa pelo antigo Partido Liberal, hoje PR. Em 1990, foi o deputado mais votado, na oposição ao então governador Nilo Coelho. Quatro anos mais tarde, foi novamente eleito como o mais votado do estado, dessa vez, com 103 mil votos. Em 1998, convidado para ser o vice do ex-deputado Luis Eduardo Magalhães, assumiu o desafio de ser o vice de César Borges, após a morte prematura do político.

Foi secretário estadual de Saúde entre os anos de 1991 e 1994; presidente da Assembleia Legislativa entre 1995 e 1997, governador tampão por nove meses (2002), além de secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração (2003). Pai de três filhos (Otto Filho, Daniel e Isadora), o conselheiro espera deixar a chapa do governador Jaques Wagner ainda mais competitiva.

Chapa dos sonhos quase definida

Com a definição do conselheiro Otto Alencar, que deixará o TCM e se filiará ao PP, o governador Jaques Wagner ficará a um passo de lançar sua “chapa dos sonhos”. Isso, por reunir dois ex-governadores centristas (Otto e César Borges), mais a deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual do PSB. Na reunião ocorrida há uma semana entre os partidos da esquerda, que apoiam o governador, ficou definido que a chapa seria composta por dois candidatos esquerdistas e dois do centro.

A expectativa agora é que Wagner bata o martelo, com César (no Senado), Lídice e Otto (estes dois podendo ocupar tanto a vice como a outra vaga à Senatoria). Até mesmo as resistências entre os petistas – com relação à formação da chapa proporcional – dão sinais de que estão superadas. Isso, devido aos próprios petistas já admitirem que uma chapa mais ampla pode dar mais capilaridade ao projeto de reeleição do governador.

Na última terça-feira, o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, afirmou que a discussão proporcional não era ideológica nem programática, mas sim, aritmética e eleitoral. Segundo ele, o PT está trabalhando com intuito de trazer as forças ligadas ao presidente Lula no âmbito nacional para a Bahia.

“E nesse quesito estamos bem-sucedidos. Estamos construindo um projeto que garanta condições de elegibilidade para os atuais detentores dos mandatos políticos, assim como para os novatos”, destacou, ao afirmar que “todos estão entendendo que precisamos construir uma maioria sólida, tanto na Assembleia, quanto na Câmara Federal”, destacou Jonas.

Fonte: Tribuna da Bahia