segunda-feira, março 29, 2010

DataFolha e eleições na Bahia

Tasso Franco

A pesquisa DataFolha publicada no último fim de semana com avaliação recorde do desempenho do governo do presidente Lula da Silva (76% de ótimo/bom), questionários em campo dias 25/26 de março 2010, com intenções de votos na estimulada para José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB (36%), Dilma Rousseff, candidata do PT (27%), Ciro Gomes, do PSB (11%) e Marina Silva, do PV (8%) deu um freio de arrumação no “já ganhou petista”. Revela, ainda, que, embora o governo esteja diante de condições excepcionais, existe um candidato osso duro de roer, bem preparado e solidamente estabelecido na cabeça do eleitor.

Serra, a rigor, retorna ao patamar que já havia conquistado no início do ano (atingiu 37%), enquanto Dilma estacionou (já marcou 28%), enquanto Ciro e Marina se mantêm estáveis com um bolo decisório (somados) na marca dos 19%. O curioso entre os números postos pelo DataFolha é que Dilma tem 33% das intenções de votos entre os eleitores que dão 76% da aprovação a Lula; Serra tem 32% desse mesmo quinhão; Ciro Gomes, 11%; e Marina, 7%. Em relação à aprovação regular de Lula (20%), Serra fica com 51% e Dilma, apenas 9%.

Em campanhas presidenciais percentuais dessa natureza representam milhões de votos e a principal missão do PT e dos aliados de Dilma, nessa fase da pré-campanha, é melhorar a imagem da candidata à semelhança de Lula fazendo com que a transferência de votos se processe a seu favor. De acordo com o DataFolha, em números gerais, 40% do eleitorado votaria num candidato apoiado por Lula; 27% talvez; e 23% não votariam. Veja que, se somarmos os 27% (talvez) + 20% (não) são 50% e esses estão praticamente na sacola de Serra em sua maioria.

Favorável a Dilma nesse processo é o fato de que 58% do eleitorado sabe que ela é a candidata de Lula e esse percentual, na medida da campanha, tenderá a ser maior. Mas nada garante um alinhamento do eleitor de Lula com Dilma, digamos assim, 100% porque cabeça de eleitor não é brincadeira. Daí vê-se a dificuldade que será para o governador Wagner ficar com a fatia maior desse eleitor de Lula, uma vez que, na Bahia, existem dois candidatos lulistas (Wagner e Geddel).
No Nordeste, a avaliação de desempenho do governo Lula atinge 87%.

Um número astronômico. Os que consideram o governo Lula ruim/péssimo são apenas 2%; regular 11%. Em tese, seria ótimo para Wagner se não estivesse disputando esse mesmo espaço com Geddel, embora Wagner, até porque desfralda e usa a bandeira do PT, tem mais empatia com o presidente. A questão é que o eleitorado, a massa popular, não vê essa distinção, e vota de acordo com interesses localizados seguindo condutores partidários regionais, os cabos eleitorais.

Na outra ponta está Paulo Souto. Também, em tese, por desfrutar de um palanque presidencial sozinho, o de José Serra, bastante competitivo, leva vantagem no processo eleitoral baiano porque não tem que dividir esse espaço com outro nome. Acontece que é no Nordeste onde Serra está mais fraco, compensando essa perda nacional com o Sul/Sudeste, onde abre 28% na frente de Dilma para equilibrar o buraco negro NE/NO. Serra, portanto, mais do que nunca precisará da Bahia, que é o 5º colégio eleitoral, e onde o PSDB tem um bom candidato. Ou seja, Souto tem que empurrar Serra e este sustentar Souto. Wagner, portanto, está certíssimo quando deseja oxigenar sua chapa com nomes de outras legendas. Lula ajuda muito. Mas, na cabeça do eleitor, Lula é Lula. Os demais são os demais.

Fonte: Tribuna da Bahia