domingo, novembro 29, 2009

Os caciques do PMDB têm medo de índios

Carlos Chagas

Os caciques do PMDB passaram o sábado e o domingo pendurados no telefone, procurando convencer deputados e senadores do partido a protelar sua chegada a Brasília, esta semana. Nada de estarem na capital hoje à noite ou amanhã bem cedo. Mesmo sem ser evangélicos, deveriam dedicar a Jesus preciosas horas de oração, em seus estados, para só desembarcarem aqui depois do meio-dia ou, de preferência, à noite, nessa terça-feira.
A sugestão envolve a tentativa de ausência da maior parte das bancadas na parte da manhã, em especial evitando as dependências do Congresso.
Por que? Porque amanhã, a partir de 10 horas, na sala da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em sessão dirigida pelo presidente de honra do PMDB, Paes de Andrade, estará oficialmente deflagrada a campanha pelo lançamento de uma candidatura própria à presidência da República. E com direito à presença do candidato, já proposto em Curitiba há uma semana, o governador Roberto Requião.
Michel Temer, José Sarney, Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves, Edison Lobão, Geddel Vieira Lima e outros líderes do partido fogem de Requião como o diabo da cruz. Mesmo convidados, não foram à capital do Paraná, mas como agora é o governador que vem a Brasília, buscam da mesma forma boicotá-lo. Ficarão em casa, pretendendo que a maioria dos parlamentares do partido façam o mesmo. A candidatura própria pode pegar. A vacina “Dilma” parece não estar fazendo efeito, não obstante circular com fartura. Assim, para os caciques do PMDB, o remédio é assustar seus índios, mesmo quando são eles os medrosos.
No distrito Federal, só intervenção ou impeachment
O escândalo da Caixa de Pandora, eclodido semana passada em Brasília, conduz a uma de duas: ou o governo Lula promove a intervenção federal na administração José Roberto Arruda ou as instituições da sociedade civil iniciam a abertura de processo de impeachment contra o governador.
O que não dá é para certos deputados distritais, alguns participantes do governo e o próprio Arruda permanecerem em silêncio depois de a Polícia Federal haver revelado em detalhes o espetáculo explícito de distribuição de dinheiro a integrantes da Câmara local, em troca de seus votos. Trata-se de uma repetição do mensalão, ainda que em círculo mais restrito, caracterizando um mensalinho.
A Constituição prevê a intervenção, na dependência do Congresso Nacional, assim como entidades do tipo Ordem dos Advogados do Brasil poderão iniciar processo de afastamento do governador, por improbidade, formação de quadrilha, peculato e outras acusações.
As conseqüências políticas serão tão explosivas quanto as criminais. Está denunciado o único governador do DEM, antes cotado para candidato à vice-presidência da República na chapa do PSDB. Caso não se defenda nem apresente sólidos argumentos contra imagens e gravações divulgados com fartura pela imprensa, estará não apenas afastado das cogitações nacionais, mas até derrotado na tentativa de reeleger-se, ano que vem. Isso se não vier a perder o mandato…
Fonte - Tribuna da Imprensa