Folha de S.Paulo
A violência se incorporou à rotina do jovem brasileiro. A maioria deles (55%) diz ter visto corpos de pessoas assassinadas nos últimos 12 meses e 30% já foram vítimas de algum tipo de violência. Os dados constam de duas pesquisas coordenadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a pedido do Ministério da Justiça, e divulgadas ontem em São Paulo.
Um dos levantamentos, feito pelo Instituto Datafolha entre junho e julho deste ano, mede a percepção que 5.185 jovens têm da violência em 31 cidades. O outro, elaborado pela Fundação Seade com dados do ano de 2006, cria um índice que avalia qual é a vulnerabilidade dos jovens à violência nas 266 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
Segundo a pesquisa do Datafolha, 30% dos jovens se encontram na faixa dos que estão em constante contato com a violência. Isso significa que eles frequentemente são agredidos, veem ações violentas (como assassinatos e agressões policiais) ou têm acesso facilitado a armas de fogo, entre outros aspectos.
Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), os dados apresentados nas pesquisas são "extremamente preocupantes".
"A convivência com a violência significa primeiro a vitimização; segundo, a naturalização e uma intimidade com ela. Os jovens passam a aprender com a violência e acham que ela é um método legítimo para resolver seus conflitos.
Entre outras conclusões, a pesquisa aponta ainda que: 31% dos jovens dizem que é fácil ou muito fácil obter uma arma de fogo e23,8% já testemunharam ao menos um homicídio.
De acordo com o levantamento da Fundação Seade, entre as dez cidades que registraram menor índice de vulnerabilidade à violência contra os jovens no país estão quatro do Estado de São Paulo: São Carlos, São Caetano do Sul, Franca e Bauru. Entre os municípios com maior vulnerabilidade à violência estão Itabuna (BA), Marabá (PA) e Foz do Iguaçu (PR).
Fonte: Agora