domingo, novembro 22, 2009

A conta da farmácia

Tem alguma coisa muito errada acontecendo com os medicamentos genéricos. Desde 2003, o governo faz um tabelamento de preços na tentativa de evitar que o consumidor saia prejudicado pelos grandes laboratórios.

Uma reportagem da "Folha de S.Paulo" descobriu que esses preços tabelados são, na verdade, muito acima dos praticados na praça. As farmácias, por exemplo, compram remédios genéricos dos fabricantes com 65% de desconto, em média, em relação ao valor fixado pelo governo.

Melhor para o farmacêutico, claro --mas pior para o consumidor. Na hora de repassar esses descontos ao cliente, muitas farmácias praticam um abatimento bem menor. Embolsam, como lucro, o que poderiam transferir ao comprador final.

E o governo dá a sua forcinha aqui também. Pois, quando fixa o valor máximo de venda ao cliente da farmácia, coloca um preço muito acima do que a farmácia poderia oferecer. O estabelecimento se aproveita desse preço oficial para engordar seus lucros.

A situação está tão distorcida que tem remédio genérico sendo vendido mais caro do que o medicamento de marca que faz o mesmo efeito.

Não dá para continuar desse jeito. A política do governo deveria proteger o consumidor, mas está ajudando a enfiar a faca nele. Se o tabelamento não funciona, então que se liberem de vez esses preços, na expectativa de que a competição barateie os remédios e beneficie o cliente.
Fonte: Agora