Próteses mais antigas não davam a liberdade da articulação independente. Novidade custa de R$ 130 mil a R$ 150 mil.
Uma nova prótese que chegou ao mercado brasileiro promete dar melhor qualidade de vida para quem teve a mão ou o braço amputado. A mão biônica i-Limb, desenvolvida pela empresa escocesa Touch Bionic’s, permite que os cinco dedos sejam articulados individualmente, dá mais liberdade de movimentos, maior capacidade para segurar objetos e resiste a um esforço de até 25 quilos. O preço varia de R$ 130 mil a R$ 150 mil, dependendo da extensão da amputação. Até então, a prótese mais comercializada no Brasil permitia a movimentação de apenas três dedos, sem articulação independente.
A prótese é acionada a partir de dois sensores que captam as contrações musculares e as transmitem à mão biônica. Um deles é responsável pela abertura dos dedos e pela rotação externa do pulso; o outro capta os movimentos necessários para fechar os dedos e rodar o pulso para o lado interno. Devido ao movimento dos dedos, é possível segurar qualquer tipo de objeto. Já o movimento do pulso permite à pessoa servir uma bebida, por exemplo. “A mão se adapta aos objetos, porque tem um agarre completo”, diz o protesista Luciano Alves, da Ortopédica Catarinense, de Curitiba. “Também é possível digitar. Com a outra, só era possível usar o polegar.” A prótese tem uma cobertura de silicone, que imita a pele humana.
De acordo com Alves, para usar a mão biônica é preciso uma preparação que pode variar de três a quatro meses, e não há limitações para quem teve o braço todo amputado, por exemplo. “Tem de haver uma preparação com fisioterapia. Depois disso, fazemos uma simulação no computador”, explica. A i-Limb pode ser comercializada no país desde o dia 13 deste mês, depois que foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e foi lançada durante o Congresso Latino-Americano de Ortopedia Técnica, realizado entre os dias 19 e 24 deste mês, em Porto de Galinhas (PE). Ela está disponível há três anos no mercado internacional e pelo menos mil peças já foram comercializadas fora do país, segundo Alves.
Simão Manoel da Silva, 39 anos, que teve a mão direita amputada em 1989, depois de um acidente de trabalho, usa a prótese antiga (fabricada por uma empresa austríaca) e pretende passar a usar uma mão biônica. “Ela está mais próxima dos movimentos normais, a outra prótese funciona como uma pinça. O abrir e fechar das mãos é bem mais suave”, diz. Ele toca trompete e aciona os pistons com os dedos da mão esquerda. Com a nova prótese, acha que terá mais firmeza para segurar o instrumento. “Fiz o teste hoje (ontem) e já consegui movimentar bem. Com o tempo, quero dominar melhor.”
Fonte: Gazeta do Povo