Carlos Chagas
Para o dr. Ulysses Guimarães, principal artífice da Constituição que acaba de completar 21 anos, tratava-se da carta de alforria do povo brasileiro, a Constituição-cidadã, aquela que restabeleceria direitos sociais, liberdades públicas e chegaria à favelas, aos mocambos e aos miseráveis, ensejando ao povo brasileiro condições não só para superar os horrores da ditadura, mas para abrir a todos os horizontes capazes de afirmar a justiça social e a democracia.
Muito tempo passou, mas à lembrança de todos está a promulgação da Constituição, sob os aplausos do país inteiro e as esperanças das classes menos favorecidas.
Ninguém se esquece de que, naquela sessão solene, o então presidente José Sarney, convocado para jurar e fazer cumprir a nova Constituição, tremia tanto que teve de colocar a mão direita debaixo da mesa para não ser flagrado pelas câmeras de televisão. Mas jurou e prometeu cumprir o texto então aprovado.
De lá para cá, o Congresso desfigurou e renegou a Constituição, modificada para favorecer as elites e permitir a prevalência das benesses e favores dos poderosos.
O que não dá para entender é que o mesmo José Sarney, tantos anos depois, venha a renegar aquilo que jurou cumprir. Porque no mesmo dia em que se comemoravam os 21 da Constituição, esta semana, Sarney tenha declarado que ela foi um retrocesso na história política do país. Quer dizer, o atual presidente do Senado, ex-presidente da República, renega seu juramento anterior e mostra-se, de corpo inteiro, apenas um instrumento de quantos se insurgem contra a justiça social por interesses econômicos e pessoais. Acaba, José Sarney, de dizer que a Constituição foi um retrocesso. Aqui para nós, com todo o respeito, retrocesso foi ele…
Por que não aplicam o Código Penal?
O país assiste, estarrecido, as imagens de um grupo de bandidos usurpando tratores de uma fazenda que invadiram, em São Paulo, atropelando laranjeiras e destruindo a produção agrícola implantada há anos.
O MST tem todo o direito de invadir terras improdutivas, daquelas que o proprietário utiliza para especular e ganhar dinheiro sem plantar um pé de couve ou criar uma galinha.
Mas destruir plantações e inviabilizar produtos que gerariam recursos no mercado nacional e internacional , mais do que burrice, é crime.]
Ontem, no Congresso, foram quase unânimes os protestos e as reações a mais um abominável absurdo do MST. Porque destruir é o oposto do que deveriam estar fazendo. Com o apoio do governo, porém, expresso em 2 bilhões de ajuda por ano para os que não fazem nada, a conclusão é simples: não querem reforma agrária. Querem baderna.
Fonte: Tribuna da Imprensa