sexta-feira, outubro 02, 2009

Cessa tudo que a campanha assobiava

Com compreensível exagero, pode-se afirmar que mais da metade do mundo parou por dois dias à espera e na torcida pelo resultado da votação do Comitê Olímpico Internacional (COI), reunido em Copenhague para decidir entre as quatro cidades – Rio, Madri, Chicago e Tóquio a que será a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.O presidente Lula desembarcou em Copenhague onde encontrou à sua espera o rei Pelé, o escritor e acadêmico Paulo Coelho, além ministro do Esporte, Orlando Silva e dirigentes esportivos.Lula não será o presidente em 2016, pois seu segundo mandato termina em 2010. O seu sucessor ou sucessora se for reeleito, será o presidente do Brasil nos próximos Jogos Olímpicos.A importância política dos grandes eventos esportivos mundiais pode ser avaliada presença dos dirigentes dos quatro paises candidatos na capital da Dinamarca. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama desembarcou anteontem e a primeira-dama americana, Michelle Obama, acompanhada das duas filhas, ontem para a cabala de torcedora.Lula joga uma parada importante, com evidente repercussão na campanha eleitoral que começa oficialmente no próximo ano, embora por ele antecipada, nas viagens pelo Brasil com a ministra-candidata Dilma Rousseff a pretexto de fiscalizar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida, que promete construir um milhão de residências populares em ritmo de campanha.Se o Brasil ganhar esta parada, não apenas o futebol será beneficiado com a mobilização popular, pressionando o governo para a reforma da legislação esportiva, alterando o calendário como sugeriu o presidente, para que coincida com as temporadas européias, quando seriam proibidas as contratações de jogadores. O êxodo dos craques e das promessas imberbes está exaurindo o futebol brasileiro. Olheiros e vigaristas circulam pelos campos e peladas. E basta que um garoto se destaque para ser contratado por irrecusáveis propostas, que incluem a família. Mais do que a sangria que é responsável pelo baixo nível do nossos campeonatos, também pela falência dos clubes endividados, que atrasam o pagamento de salários de jogadores, técnicos e funcionários e desistem de competir em vários esportes como basquete, vôlei, remo, natação.Lula exigiu da sua equipe um discurso caprichado, sujeito a modificações de última hora. Vai insistir na cobrança do reconhecimento do novo posicionamento do Brasil no cenário internacional. E lembrar que entre as 10 maiores economias do mundo só o Brasil nunca foi sede do Jogos Olímpicos. Sinal de que há algo a ser feito.Mas, se a escolha do Brasil para sede dos Jogos Olímpicos do 2016 obrigará o governo a realizar grandes investimentos que gerarão empregos e exigirão obras praticamente em todo o país, a campanha eleitoral de 2010 promete incendiar o país logo que a polarização antecipada pela série de pesquisas aponte os dois candidatos favoritos. E como gasolina em fogueira, a campanha com os debates pelas emissoras de rádio e redes de TV, os comícios nas capitais, com o estímulo da eleição de governadores, senadores, deputados federais e estaduais deve sacudir a pasmaceira da população, que clama por segurança, equidade nos reajustes salariais, hospitais e postos de saúde.A crise do Legislativo dá dois passos para frente e recua até bater na cerca. E, por enquanto, não há siquer a esperança que o risco de uma renovação maciça desperte o brio dos que saqueiam o Tesouro com a cascata das vantagens, benefícios, verbas indenizatória, gabinetes individuais com assessores de coisa nenhuma para a reforma moral do mais desmoralizado dos poderes. Em todos os níveis.Como está não há Jogos Olímpicos ou Hexacampeão de futebol do mundo que dê jeito.
Fonte: Villas Bôas Corrêa