Patrícia França, do A TARDE
Xando Pereira Ag. A TARDE
Xando Pereira Ag. A TARDE
Rui Costa, ao fundo atrás do governador, a verdadeira sombra de Wagner
Não há no governo do petista Jaques Wagner secretário que tenha sofrido um bombardeio de críticas, tanto do “fogo amigo” como dos adversários, como Rui Costa, da pasta de Relações Institucionais. “Durão” nas negociações, “inadequado” e “inexperiente” para a função, são alguns dos adjetivos atribuídos ao secretário, principal operador da política de alianças do governo petista com os partidos políticos.
Escolha pessoal do amigo Jaques Wagner – que quando o nomeou perguntou-lhe se estava preparado para apanhar –, chega a ser contraditório que Rui Costa, filho de pai metalúrgico e forjado politicamente no Polo Petroquímico de Camaçari, onde foi diretor do Sindiquímica, (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Empresas Petroquímicas, Químícas Plásticas e Afins do Estado da Bahia) não tenha “traquejo” para negociar, como apontam algumas pessoas.
Mais ainda tendo Wagner como referência, também um ex-sindicalista que na condição de ministro das Relações Institucionais, no auge da crise do “mensalão”, teve reconhecida sua habilidade como interlocutor político e social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Negociador - O próprio presidente, um ex-metalúrgico que liderou greves importantes no chamado ABC paulista, berço do PT, era visto pelo empresariado como exímio negociador, característica que o petista soube incorporar na política partidária.
Há quem diga que Rui Costa, que só exerceu um mandato e meio de vereador em Salvador, está aprendendo o ofício. “Ele está fazendo a sua experiência, no próprio fazer”, diz a deputada federal e coordenadora da bancada baiana na Câmara, a socialista Lídice da Mata, em socorro do companheiro petista.
O cargo, porém, expressa a política do governador. “Os insatisfeitos não atacam Wagner, atiram em Rui Costa”, compara o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (sem partido), que ressalta como qualidade do secretário a sua “lealdade” em relação ao governador.
Causa própria - Candidato a deputado federal ano que vem, Rui Costa tem sido acusado, por aliados e opositores, de se valer do cargo de secretário para promover sua candidatura. Na eleição de 2006, ele fez campanha ao lado de Jaques Wagner, então candidato a governador, e recebeu mais de 38 mil votos no Estado.Vive, agora, a dualidade de exercer função estratégica do governo e se comportar como candidato. Base - Esse tipo de crítica parte, principalmente de setores da base do próprio PT, incomodados com o que definem como “falta de equilíbrio” nas ações do secretário.
“Tem que ter cuidado na execução da política para não privilegiar a si mesmo”, alfineta um deputado federal petista que pede para não ter o nome revelado.
O governador Jaques Wagner , contudo, já avisou que não pensa em substituir o coordenador político. “Rui é meu companheiro de sindicato há 25 anos. Este sai comigo”, costuma dizer.
Semana retrasada, Wagner fez fez um afago público no secretário e agradeceu a “rapidez e habilidade” com que recompôs as duas pastas vagas com a saída do PMDB do governo decidida pelo ministro Geddel Vieira Lima.
Sobre as críticas que recebe, Rui Costa – espécie de “alter ego” (o outro eu, outra personalidade de uma mesma pessoa) de Wagner – tem resposta pronta: “Represento a vontade do governador. Se não fizer, serei demitido”.
E o amigo Jaques Wagner garante a blindagem do secretário: “99% do que ele fala é o que eu penso”.
Fonte: A Tarde