Raul Monteiro
A decisão do deputado estadual Marcelo Nilo (sem partido), de analisar possível ingresso no PDT obedece a um projeto de monta: a de mantê-lo em stand by para a possibilidade de se tornar candidato a vice na chapa do governador Jaques Wagner em 2010. Desde que saiu do PSDB, Nilo iniciou conversações com o grupo da deputada federal socialista Lídice da Mata com vistas avaliar o PSB como destino. O rompimento do PMDB com o governo e a atração oficial do PDT para a base de Wagner acabaram interferindo em seus planos. Positivamente. Na Assembleia, no governo e nos meios políticos, todo mundo sabe que Nilo é o candidato a vice preferido de Wagner. Pelo grau de confiança que passou a nutrir pelo aliado, o governador veria nele o nome ideal para sucedê-lo em 2014. É tão certo como dois e dois são quatro que Wagner pretende desincompa-tibilizar-se antes de terminar seu eventual segundo mandato para concorrer ao Senado. Para ser executada, entretanto, a operação exigiria como complemento a escolha de um político afinadíssimo com ele para comandar o Estado nos meses restantes. O personagem existe: chama-se Marcelo Nilo, o homem por trás de boa parte das articulações que levaram Otto Alencar, o PDT e o PP para os braços do governo. Mas não seria conveniente ao governador sair para a reeleição à tiracolo com dois quadros do PSB - um deles, Lídice da Mata, já estaria, a priori, definida ao Senado. Daí, o interesse do governador e do próprio Nilo em alojar-se em outro partido aliado, como o PDT. Entre governistas, só há uma hipótese para o presidente da Assembleia não sair a vice de Wagner. Seria no caso de Geddel Vieira Lima recompor-se com o governador. Aí, o peemedebis-ta disputaria uma das vagas ao Senado - como sempre se imaginou, antes de suas relações com o governo terem começado a esgaçar-se a ponto de serem posteriormente rompidas - e Lídice seria deslocada para a vice. Um cenário, a olhos de hoje, impossível de se confirmar. Mas como política é como nuvem…
Fonte: Tribuna da Bahia