segunda-feira, setembro 21, 2009

A contraditória coerência de Lula

Sinais preocupantes de estafa é a única explicação razoável para a dupla contradição do presidente Lula nos dois vigorosos improvisos durante a viagem ao Rio Grande do Sul, com todos as marcas de campanha.Na entrevista à Rádio Guaíba, Lula caprichou na ênfase para confirmar que o PT está preparado, na ponta dos cascos, para o lançamento da candidatura da ministra Dilma Rousseff à sua sucessão e do ministro da Justiça, Tarso Genro, ao governo do Rio Grande do Sul. E foi mais longe, na análise de comentarista político, para afirmar que eram excepcionais as condições para a escalação de um time para a eleição de Dilma. Não esqueceu do ministro Tarso Genro, também credenciado para ser eleito governador do Rio Grande do Sul.Cerca de duas horas mais tarde, no improviso na inauguração de obras de duplicação da BR 448, em Porto Alegre, o orador calcou as sandálias da cautela e praticamente desdisse o que dissera na entrevista à Rádio Guaíba. A memória recuperou as lições das suas muitas derrotas eleitorais até a consagração como presidente eleito da República como bis da reeleição.E engrenou a marcha-a-ré: “Tenho muita humildade na questão de eleição porque já perdi muitas vezes. Já estive na frente e depois perdi. Então, é preciso que a gente construa um time capaz de ganhar”. Tomou fôlego, e continuou a aula magna: “Eu acho que temos condições de construir em torno de Dilma esse time para ganhar as eleições”.As duas explicações não satisfizeram o presidente em dia de dúvidas que tingem a sua insegurança. E na segunda emenda o soneto virou cantiga de roda; “Eu ainda não tenho candidato, não tenho candidata, nem a governador nem a presidente.” Para a assistência atônita, a segunda parte na terceira versão: “Mas, podem estar certos que o ano que vem eu virei a Porto Alegre e a todo o Brasil, porque nós vamos eleger alguém para dar continuidade a tudo que nós estamos fazendo neste país”.Sobrou para o Rio Grande do Sul: “O país não pode retroceder e voltar ao que era há 15 ou 20 anos. O Rio Grande do Sul tem que ser tratado como se fosse o filho predileto, afinal, é um estado atípico”.Confesso a minha incompetência para comentar os discursos de Lula nos palanques do Rio Grande do Sul.Sou repórter, não psiquiatra.
Fonte: Villas Bôas Corrêa