Evandro matos
Durante a cerimônia de inauguração da sede da União dos Municípios da Chapada Diamantina (UMCD), na última quinta-feira à noite, o governador Jaques Wagner (PT) voltou a alfinetar o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que recentemente retirou o apoio ao seu governo e se declarou pré-candidato ao Palácio de Ondina. “O pessoal apressado, parece que não se deu muito bem. Parece que bateu com o carro na parede”, declarou Wagner, numa clara alusão aos peemedebistas que deixaram o governo e a intenção do ministro de disputar a sua sucessão. Vindo de uma viagem pelos municípios de Santo Antônio de Jesus e Milagres, onde inaugurou obras e fez contatos políticos, o governador mostrava um semblante alegre e de confiança. Falando para alguns prefeitos da Chapada Diamantina, ele elogiou a ideia de criação da sede da UMCD, mas não deixou de falar do atual momento político. Wagner comentou sobre as negociações em curso para ampliar a sua base de sustentação na Assembleia Legislativa e reforçar a sua candidatura à reeleição.
Além de demonstrar um ar de satisfação nas entrelinhas do seu discurso, Wagner mostrava-se contente com o resultado da sua visita ao interior, notadamente ao município de Milagres, onde, segundo ele, “conseguimos furar um bloqueio histórico da oposição”, com a adesão do prefeito Raimun-do de Souza Silva. “Lá, nós conseguimos trazer para o nosso lado o prefeito ‘Galego’, que vai nos ajudar nessa caminhada”, disse, referindo-se à sua reeleição.
“A nossa conquista não é na pressão. Nós estamos conversando com alguns partidos e lideranças, mas tudo dentro de um projeto”, explicou, numa clara resposta às críticas sobre as negociações do governo com os partidos políticos, além de alfinetar os seus adversários. Wagner também comentou sobre os espaços dentro do governo e a disputa que deverá ser travada pelos que pretendem se candidatar nas eleições de 2010. “Quem chega, chega bem, mas nós vamos dar prioridade aos que já estavam conosco desde o início”, declarou, referindo às adesões que o governo tem conquistado.
Otto começa a se manifestar
Outra revelação feita pelo governador Jaques Wagner durante o seu discurso na sede da UMCD, foi a referência ao Conselho do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Otto Alencar, que o acompanhou até o município de Milagres. Este gesto mostra que, cada vez mais, Otto, que deverá se filiar ao PP, sinaliza que vai mesmo disputar o Senado na chapa encabeçada pelo petista nas eleições de 2010.
Atento ao discurso de Wagner, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (sem partido), tricotava com a deputada federal Lídice da Mata sobre a sua possível filiação ao PSB. Nilo vem sendo especulado para fazer parte da chapa de Wagner, embora a sua entrada no mesmo partido de Lídice possa dificultar essa composição. Particularmente, o presidente da Assembleia tem revelado que o seu foco é renovar o seu mandato de deputado, mas ele admite que, se for chamado, deverá aceitar a missão.
Aos poucos, Wagner vai costurando a base para a sua candidatura à reeleição. A companhia do Conselheiro Otto Alencar no interior do estado, além de abrir espaço junto às bases, mostra que os dois estarão juntos na próxima eleição. Em Milagres, ao lado de Otto, o governador praticamente assegurou o apoio do prefeito Raimundo de Souza Silva, o “Galego”, para o seu projeto de reeleição em 2010. Assim, com Wagner encabeçando a chapa majoritária, pelo PT, e a possível candidatura de Otto Alencar ao Senado, pelo PP, a outra vaga poderia ser preenchida pela deputada federal Lídice da Mata, do PSB, ou um nome do PT, provavelmente o do deputado federal Walter Pinheiro. Dessa forma, o governo arruma a casa e se antecipa aos seus adversários no jogo de arrumação para as eleições de 2010.
Contudo, o governador Wagner ainda dispõe de um bom tempo para definir todos os nomes e pode, inclusive, remover as peças. Descartada uma hipótese de recomposição com o ministro Geddel Vieira Lima, numa última tentativa do presidente Lula, o máximo que poderá acontecer será uma mexida de posição das atuais peças, mas com pouca alteração na estratégia.
Fonte: Tribuna da Bahia