Desgastado pela crise no Senado, o senador José Sarney (PMDB-AP) teria dito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está disposto a deixar a presidência da Casa. “Não aguento mais. Vou negociar uma saída”, disse Sarney ao presidente, segundo informações da revista “Veja” desta semana. Segundo a revista, a declaração teria ocorrido na última segunda-feira (24), quando Lula ligou para Sarney para saber notícias sobre o estado de saúde de Marly Sarney, 77, que estava internada após uma cirurgia no ombro.
Reportagem de Valdo Cruz publicada pela Folha já antecipava a intenção de Sarney deixar o cargo. A aliados, o peemedebista disse que “o preço [que está pagando pela crise] está elevado demais”. Segundo membros do partido, o presidente da Casa aparentava estar “desanimado e decepcionado” —sinalizando a possibilidade de uma renúncia. Oficialmente, no entanto, o senador afirma que irá enfrentar a crise e que tem condições para superá-la.
De acordo com reportagem da Folha, Lula disse a petistas que Sarney está sofrendo muito e talvez seja a hora de o senador “se livrar desse sofrimento”. Nos bastidores, ganha força o nome do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para disputar a presidência do Senado com a saída definitiva de Sarney. Dornelles tem o apoio de líderes peemedebistas que sabem das dificuldades do partido para conseguir consenso dentro da bancada. Além disso, ele é considerado um parlamentar com trânsito dentro do PT e da própria oposição.
O Conselho de Ética do Senado já reúne 11 acusações contra Sarney. São cinco representações por quebra de decoro parlamentar —três apresentadas pelo PSDB e duas pelo PSOL— e seis denúncias —quatro protocoladas pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) e outras duas dele com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
O partido defende que o Conselho de Ética da Casa investigue denúncia de que Sarney omitiu da Justiça Eleitoral uma propriedade de R$ 4 milhões, além da acusação de que o parlamentar teria participado do desvio de R$ 500 mil da Fundação José Sarney. Na outra representação, o PSOL pede para o conselho investigar Sarney pela edição de atos secretos que teriam beneficiado parentes e afilhados políticos para a instituição.
Fonte: Tribuna da Bahia