Carmem Vasconcelos Redação CORREIO
A trabalhadora autônoma Ezione Maria dos Anjos adquiriu, no final do ano passado, o plano 60 da TIM. A promessa era falar muito, gastando pouco. Na primeira conta recebida, o valor a pagar foi três vezes maior que o estipulado no contrato.
Refeita do susto, ela continuou falando e consumindo. No segundo mês, a conta duplicou, extrapolando quaisquer possibilidades de ajuste no orçamento familiar. O resultado foi a inclusão do nome da consumidora no cadastro de devedores.
Em tempos de crise, a restrição no uso da telefonia móvel pode ser a diferença entre a saúde financeira e o endividamento. No entanto, o número de pessoas com nomes sujos mostra que a prática do consumo responsável não é tão fácil.
LimiteDe acordo com o consultor financeiro e responsável pelo site SOS Dívidas, Manoel Gonçalves, algumas medidas simples podem ser desenvolvidas para frear o endividamento com as contas de celular.
“A primeira dica e a mais óbvia é limitar o consumo e, para tanto, o consumidor pode trocar o plano pós-pago por um pré-pago”, esclarece o especialista, lembrando que embora a tarifação de minutos seja mais cara na segunda opção, a pessoa só vai usar o número de créditos estabelecido, facilitando o controle das contas.
A segunda dica é planejar e estabelecer um percentual de gastos como celular dentro do orçamento mensal para não transformar a solução da telefonia móvel num problema. Além disso, o usuário deve evitarem prestar ou fazer planos familiares, pois o controle coletivo fica ainda mais difícil.
Se o problema é a compulsão de falar ao telefone, Gonçalves lembra que, em tempos de portabilidade, os usuários podem e devem contatar suas operadoras e negociar um limite de uso, com a possibilidade de bloqueio se houver extrapolação da margem definida.
'Se o caso for crônico, use o aparelho apenas para receber chamadas e evite fazê-las', destaca o consultor. Por fim, Manoel Gonçalves ressalta o cuidado e a atenção com as promoções de aquisição de novos aparelhos. 'Muitas delas são fantasiosas e possuem prazos limitados', orienta.
DICAS
Amigos e família - Utilize a mesma operadora de seus parentes e amigos: é bem mais barato e pode sair de graça falar com celulares da mesma operadora.
Gastos organizados - Reveja o plano usado por você e o avalie. Repita essa avaliação anualmente. A medida é benéfica para evitar gastos desnecessários e para ajustar a conta do telefone ao seu orçamento, além de escolher o melhor.
Mais vantagens - Use a portabilidade: verifique, nas operadoras, aquela que mais lhe dê vantagens, de acordo com suas necessidades. Escolhida a melhor operadora, porte o seu número e economize.
PLANOS Tenha calma - No momento de optar por um plano, faça uma média das contas telefônicas dos últimos três meses para fechar uma média de consumo. Despesas excepcionais no período (férias, por exemplo) não devem entrar em sua média mensal. Não assine contratos no impulso.
Resistindo à tentação - Confira qual é sua despesa com o plano e semele; não se esqueça de que, caso venha a superar o limite contratado, é possível que gaste muito mais com o celular. Se a primeira escolha de plano não combinou com você, ligue para a operadora e peça a transferência para outro. Não caia em tentações.
Operadoras recusam negociação O endividamento causado pelas contas de celulares temsido comum para a maioria das pessoas e as razões vão desde a compulsão, a desorganização financeira, inserção de serviços e tarifas não solicitadas até a má-fé usada na assinatura dos contratos com as operadoras.
De acordo com a advogada e coordenadora de assuntos especiais da Coordenação de Defesa do Consumidor (Procon-Bahia), Flávia Marinpietri, de janeiro a junho desse ano, a entidade recebeu 295 reclamações em virtude das contas de telefonia móvel. Tudo isso apenas em Salvador. Desse montante, 155 diziam respeito a cobranças indevidas.
“As operadoras não estão negociando, afinal, elas ficam numa situação cômoda, pois não existe lei que obrigue a empresa a parcelar dívidas”, afirma a representante do Procon.
Nesses casos, a advogada sugere que o cliente vá até o Procon para tentar uma composição amigável para a questão. Quando os recursos de negociação falharem, a saída é abrir processo para que o órgão possa tomar as medidas cabíveis. “Temos reclamações de todas as operadoras que atuam no estado, no entanto, a OI é a campeã de queixas”, informa.
Para evitar ser aprisionado pelas armadilhas do consumo excessivo do celular, Flávia Marinpietri sugere algumas dicas que impedem que o consumidor caia em ciladas. A primeira diz respeito ao contrato. “Brasileiros, de um modo em geral, não leem contrato”, explica a advogada.
Quem tiver dúvida sobre o teor desses documentos, pode dispor de aconselhamento e análise através de um serviço oferecido, diariamente, nas sedes dos Procons. Para tanto, é só pegar uma senha normal de atendimento e solicitar o aconselhamento de contrato.
Dados nacionais 1,88% de crescimento. Esse foi o patamar que a telefonia móvel alcançou em maio desse ano. Em 2009, quase três milhões de novos assinantes passaram a integrar o sistema
81,75% dos acessos realizados no Brasil são pré-pagos. Isso representa 128.755.999 usuários em todo o território nacional
18,25% dos acessos realizados no Brasil são pós-pagos. Em outras palavras, 28.745.814 brasileiros possuemcelular cadastrados no sistema de contas.
Fonte: Correio da Bahia