Patrícia França, do A TARDE
Mais do que emblemático, por demonstrar o alinhamento de forças que estavam em lados opostos, o almoço que nesta segunda-feira, 15, oficializa a reedição na Bahia da aliança entre o PSDB e o DEM – afastados politicamente desde 1988 – será o ponto de partida para a construção de uma chapa de oposição competitiva para as eleições de 2010.
As articulações para ampliar o arco de apoiadores inclui o diálogo com outros partidos, como o PR, do senador César Borges, o PPS e, também, o PMDB, do ministro Geddel Vieira Lima e do prefeito João Henrique Carneiro – a legenda mais cobiçado pela representatividade eleitoral que é capaz de transferir à nova chapa da oposição.
Maior partido da aliança de sustentação ao governo Jaques Wagner, o PMDB está em crise com o PT, o partido do governador. Ameaça desistir da vaga ao Senado na chapa do governador – posição reservada ao ministro Geddel – e debandar para a oposição, lançando candidatura própria ao governo ou apoiando chapa que sustente na Bahia a provável candidatura do tucano José Serra (PSDB), governador de São Paulo, à Presidência da República.
Parcerias – Articulador da campanha oposicionista no Estado e candidato natural ao governo, mesmo sem ter assumido publicamente, o ex-governador Paulo Souto (DEM) evita falar em nomes para não atrapalhar negociações futuras.
“Foi definida uma aliança entre democratas e tucanos nos planos estadual e federal. Mas como ainda se buscam novos partidos para compor esta aliança, não é o momento de definir nenhum nome para a chapa majoritária”, sentenciou Souto, sem maiores considerações sobre o peso que possíveis parceiros teriam na chapa.
O deputado federal ACM Neto concorda que na política, quando se quer fazer acordo, não se pode trabalhar com imposições ou veto. Até porque enxerga no PMDB o parceiro que fará a diferença na próxima eleição. “O meu candidato pessoal, de coração, é Paulo Souto. Mas nossa preferência não significa imposição, vetos a parceiros com quem formos conversar”, assinala o democrata, que vê, no atual contexto, um cenário favorável a uma composições com PMDB. “Uma coisa é certa: é mais fácil o diálogo do DEM com o PMDB, do que PMDB com o PT. Geddel só tem uma opção no PT, que é a vaga ao Senado. Aqui (com a oposição), ele pode ter qualquer coisa”, diz o democrata, que, cauteloso, adianta que tudo vai depender das negociações. Neto também considera, embora menos provável, uma terceira candidatura ao governo, com o PMDB na liderança. “Seja como for, está cada vez mais difícil o PMDB recuar”, analisa. O deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB) também não duvida como provável que uma parcela significativa do PMDB – em função dos conflitos nos municípios interioranos e as dificuldades de relacionamento do prefeito da capital, João Henrique Carneiro (PMDB), com o partido do governador Jaques Wagner – acabe apoiando a candidatura à Presidência do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e, por conseguinte, se incorporando à aliança PSDB/DEM no Estado. Consulta às bases – Estratégico, o ministro Geddel nada fala sobre uma eventual adesão do seu partido à chapa oposicionista liderada pelo DEM/PSDB. “O PMDB só vai conversar com outros partidos quando terminar as consultas que vem fazendo junto às nossas bases e à sociedade”. Na sexta-feira, em resposta ao presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, para quem Wagner sairá governador e Geddel senador na mesma chapa, o ministro disse que não administra os desejos dos outros, só os dele. E, no momento, é o seu partido que vai decidir o seu destino. Mas frisou: “O desejo do PMDB é por uma candidatura própria, forte e estruturada, capaz de apresentar um projeto de começo, meio e fim para a Bahia”. Em campanha – Sem perder tempo, o ex-governador Paulo Souto aproveitou o feriado de Corpus Christi para visitar seis municípios: Rio de Contas, Campo Formoso, Jequié, Teixeira de Freitas, Nova Viçosa e Feira de Santana. Cumpriu agenda política ao lado do ex-prefeito Antônio Imbassahy, presidente estadual do PSDB; senador César Borges, presidente do PR na Bahia; os deputados federais pelo DEM José Carlos Aleluia, ACM Neto, Fábio Souto e Paulo Magalhães; o líder da oposição na Assembleia Legislativa, Heraldo Rocha (DEM), Carlos Gaban (DEM), Elmar Nascimento e Sandro Régis, do PR, além do ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo (DEM).
Fonte: A Tarde