MÁRCIO PINHOTALITA BEDINELLIda Folha de S.Paulo
O medo da gripe A (H1N1) tem causado uma corrida aos hospitais de São Paulo. Até pessoas sem nenhum sintoma vão aos prontos-socorros em busca de orientação, o que aumenta a espera por atendimento.
O hospital São Paulo, instituição pública na zona sul, teve que abrir uma sala extra para dar conta da procura e convocar dois residentes, que se juntaram aos dez médicos do local.
O chefe do pronto-socorro, o infectologista Elcio Bakowski, diz que por dia têm sido atendidos entre 15 e 20 pacientes com sintomas parecidos com os da gripe A, conhecida por gripe suína. Alguns deles têm, na verdade, manifestações mais simples, como tosse e resfriado.
"Atendi um paciente que tinha apenas uma amidalite e questionava se não estava com a gripe [suína]. As pessoas acabam se confundindo porque as doenças infecciosas começam com sintomas semelhantes."
A procura aumentou também o tempo de espera no hospital. "Infelizmente, demora para conseguirmos dar vazão."
No Emílio Ribas, outro hospital público de referência, alunos da Faculdade Cásper Líbero, como Vitor Serrano, 21, saíam sem fazer o exame. Sem ter nenhum sintoma, foram ao local porque uma companheira de classe teve a doença --a faculdade decretou férias. "Vim para garantir", afirmou ele.
De acordo com o infectologista David Uip, diretor do hospital, as consultas diárias saltaram de 70 para cerca de 300.
A demanda de pacientes querendo saber se têm ou não a gripe A também afetou o Hospital das Clínicas, outro dos centros de referência na capital. Na tarde de ontem, quem entrava no pronto-socorro era informado de que o atendimento levaria por volta de quatro horas. Vários pacientes com máscaras eram conduzidos por funcionários da portaria a um espaço isolado da sala de espera, que estava abarrotada às 16h30.
Shirlei Aparecida, que acompanhava sua mãe para um atendimento não relacionado a sintomas da gripe, deixava o hospital. "Cheguei às 14h e ainda está longe de chamarem a nossa senha. Vamos voltar outro dia, infelizmente", afirmou.
No Sírio-Libanês (região central), a procura por atendimento aumentou 30% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com Fernando Ganem, gerente médico do pronto-atendimento.
De acordo com ele, muitas pessoas chegam a procurar o pronto-socorro sem nem mesmo apresentar sintomas de gripe. O aumento também foi observado nos hospitais Oswaldo Cruz (região central) e Edmundo Vasconcelos (zona sul).
Os médicos recomendam que apenas pacientes que tenham manifestado algum sintoma de gripe, como febre, procurem os hospitais. Caso tenham tido contato com alguém infectado, avisem já na recepção -pessoas com suspeita da doença são isoladas e recebem máscaras para evitar que contagiem outros pacientes.
Mais aulas suspensas
Mesmo sem casos suspeitos ou confirmados, duas cidades gaúchas suspenderam as aulas na rede oficial. Em São Paulo das Missões, as aulas não ocorreram ontem e anteontem porque um aluno da rede estadual ficou gripado, sem sintomas da gripe suína. Em Pinheiro Machado, a prefeitura suspendeu as aulas porque na vizinha Bagé houve uma confirmação.
Colaborou a Agência Folha.
Fonte: Folha Online