sexta-feira, junho 19, 2009

Deputada pode ganhar vaga no TCM no lugar de Otto

Fernanda Chagas
A cúpula do PT baiano estaria articulando garantir o apoio do PSB à reeleição do governador Jaques Wagner oferecendo o que seria um prêmio à deputada federal Lídice da Mata que, ao lado do secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli, é tida como "dona" do partido na Bahia. O prêmio seria condicionado à retirada de sua candidatura ao Senado. Certos de que existem candidatos demais à sanatória na chapa majoritária petista, entre eles a socialista, mas também conscientes de que apenas dois postulantes poderão brigar pelo cargo, já estariam buscando um possível espaço como recompensa para a socialista.
O Tribunal de Contas do Município (TCM), mais especificamente a vaga que pertence ao conselheiro Otto Alencar, já é vista como alternativa para abrigá-la. Com isso, a disputa ficaria mais amena, levando em consideração que estão no páreo, ainda que de forma extraoficial, nada menos que dois petistas (Walter Pinheiro, Nelson Pelegrino) e um comunista (Haroldo Lima). Isso, sem falar em Otto Alencar e no ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, que já tem lugar garantido, em caso de repactuação da aliança com o PT.
O fato é que, além de estar claro o desejo de Lídice em virar senadora, reforçando esta tese a executiva estadual do PSB, em reunião realizada no início deste mês, decidiu indicar ao conjunto do partido, diretórios municipais, prefeitos e demais segmentos ligados à legenda o caminho da construção da candidatura da deputada Lídice da Mata para ser a primeira senadora da Bahia.
Também ficou definido que serão intensificadas as conversas com o PV, já iniciadas, para a formação de uma frente verde socialista e ampliação dos contatos com outros partidos aliados. Por tabela, o partido reafirmou mais uma vez apoio incondicional à reeleição do governador Jaques Wagner, concordando inteiramente com a posição por ele anunciada de que este é o ano de gestão com aceleração das ações de governo em todo o Estado. Fatores estes que podem implicar num rompimento futuro. Lídice foi procurada pela Tribuna da Bahia, mas não foi encontrada.
Enquanto isso, não é novidade que Otto Alencar tornou-se a "menina dos olhos" do governo para representar a Bahia numa das cadeiras do Senado e, consequentemente, fortalecê-lo em 2010. A única dificuldade seria achar um partido neutro para abrigar o ex-governador, cuja carreira política sempre foi feita dentro do carlismo. Otto, por sua vez, embora ainda não tenha tomado uma decisão, revelou sua disposição de participar do processo sucessório apoiando o governador.
A estratégia é que ele se junte à cerca de dez parlamentares que apoiam o governo, mas que se encontram dispersos em várias legendas, como PTdoB e PRP, e formam o chamado "bloquinho" na Assembleia. A operação seria desencadeada após a abertura da janela, que poderia vir com a minirreforma política. No interior, a proposta é vista com simpatia por muitos prefeitos, que torcem pela volta de Otto à cena política. Rumores dão conta ainda que o nome de Otto para compor na chapa governista cresce à medida que se distancia o sonho do PT segurar o PMDB na aliança que elegeu Jaques Wagner em 2006.
E é justamente aí que aumenta a pressão sobre o conselheiro do TCM, que teria a função de levar a chapa para o centro e abrir caminhos no interior. Como ex-governador e ex-integrante do PL (hoje PR), ele retomaria o contato com antigos correligionários, compensando uma possível perda do ministro Geddel Vieira Lima.
Os deputados estaduais que aguardam uma brecha eleitoral para se filiar a uma nova legenda são Marcelo Nilo (PSDB), João Bonfim (sem partido), Emério Resedá (PSDB), Adolfo Menezes (PRP), Paulo Câmara (PTB), Maria Luiza Laudano (PTdoB), Reinaldo Braga e Nelson Leal (PSL), além de Pedro Alcântara, Ângelo Coronel e Gilberto Brito (PR). Ao grupo se somariam ainda os deputados federais Mauricio Trindade, José Carlos Araújo e Tonha Magalhães (PR), e dezenas de prefeitos. É esperar para ver.
Fonte: Tribuna da Bahia