SÃO PAULO - Ao julgar recurso apresentado pela defesa de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá, os desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiram, ontem, que o casal deve ser levado a júri popular pela morte de Isabella, 5, filha de Alexandre. A decisão foi unânime.
Isabella morreu em 29 de março do ano passado, após ser agredida e jogada do sexto andar do prédio onde morava o casal, que nega o crime. Os advogados pretendiam reverter a decisão do 2º Tribunal do Júri de Santana (Zona Norte) de levar o casal a júri popular sob a alegação de falta de indícios contra os acusados.
Segundo o desembargador Luis Soares de Mello Neto, presidente da 4ª Câmara, o casal deve permanecer preso. "Não há nenhuma razão para a liberdade agora. Se até então estão detidos, assim devem permanecer".
Caso a alegação da defesa fosse aceita pelos desembargadores, o caso deveria ser reaberto e voltar à fase da investigação. Com isso, o casal poderia ser libertado, pois a prisão preventiva foi decretada sob a justificativa, principalmente, de que ambos poderiam interferir nas investigações. O júri ainda não tem data definida.
Durante o julgamento de ontem, o advogado Marco Polo Levorin, que representa o casal Nardoni, citou laudos técnicos que sustentaram o suposto suicídio do jornalista Vladimir Herzog durante a ditadura militar para contestar o laudo do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo que incrimina os acusados.
"O suicídio de Herzog foi referendado por pareceres técnicos", disse Levorin. Durante 45 minutos - nos quais oscilava entre momentos de fala calma e pausada e brados -, o advogado contestou o laudo técnico com base em pareceres convocados pela defesa.
"Não houve esganadura, as lesões aparentes em Isabella são decorrentes do processo de ressucitação no qual ela foi submetida", disse o advogado.
Ao analisar o recurso, o desembargador Luis Soares de Mello Neto rejeitou as críticas feitas pela defesa do casal Nardoni sobre os laudos. "A defesa não gostou dos laudos, mas dizer que são irregulares, isso é inaceitável", afirmou.
O laudo do IC aponta que a madrasta desferiu o primeiro golpe contra a cabeça de Isabella, de forma acidental, no carro. De acordo com os peritos, ela estava no banco dianteiro do carona quando se virou e atingiu a menina.
O laudo descarta a hipótese de uma terceira pessoa envolvida no crime - como defende o casal Nardoni - e aponta que Jatobá auxiliou o marido a jogar Isabella do sexto andar do prédio.
Fonte: Tribuna da Imprensa