WASHINGTON - Em sua primeira aparição diante do Congresso desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, procurou passar uma mensagem de otimismo e esperança aos cidadãos americanos. "Nossa economia está debilitada e nossa confiança, abalada", afirmou em um trecho do discurso a deputados e senadores.
"Vivemos tempos difíceis e inseguros, mas, nesta noite, quero que todos os americanos saibam o seguinte: vamos nos reconstruir, vamos nos restabelecer. Os Estados Unidos sairão mais fortalecidos."
O primeiro discurso sobre o Estado da União proferido por Obama tratou basicamente de economia, como era esperado. Além de traçar um retrato do país, o tradicional pronunciamento é usado para que o chefe do Executivo apresente aos congressistas suas principais propostas para o ano que se inicia.
Os EUA vivem a mais grave crise econômica desde o pós-guerra. A administração Obama anunciou três planos para tentar tirar o país dessa situação. O primeiro, de quase US$ 800 bilhões, será voltado para a economia "real" e prevê forte investimento público.
O segundo, que pode chegar a US$ 2 trilhões, tem como objetivo resgatar o sistema financeiro. O terceiro, com orçamento de US$ 75 bilhões, será destinado a mutuários com dificuldades em honrar suas hipotecas.
O plano para o setor financeiro ainda não convenceu analistas e investidores. Muitos especialistas, como o prêmio Nobel Paul Krugman, acreditam que o governo americano não terá outra saída senão estatizar temporariamente as instituições com problemas, entre elas o Bank of America (BofA) e o Citigroup, os dois maiores do país.
Até agora, porém, Obama e outras autoridades têm negado veementemente essa hipótese, o que, para alguns, só atrasará a recuperação da economia.
Também ontem, presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, reconheceu que o país só começará a se recuperar quando o setor bancário deixar de ser um problema. Em audiência no Congresso, ele tentou ser realista e esperançoso em relação ao progresso das condições econômicas.
Bernanke disse que o Fed estava fazendo todo o possível para reabrir os mercados de crédito e aliviar a crise financeira. Mas disse, uma recuperação completa vai levar meses, ou mesmo anos, para acontecer.
"Se as medidas tomadas pelo governo, pelo congresso e pelo Fed tiverem sucesso na restauração de alguma forma de estabilidade financeira - e na minha opinião, somente nesse caso - temos uma perspectiva razoável de ver a recessão se encerrar em 2009, o que faria de 2010 um ano de recuperação."
As principais incertezas incluíam as ramificações de uma crise financeira de alcance cada vez mais global, além de um ciclo vicioso negativo dentro do qual uma menor confiança alimenta condições cada vez piores nos mercados e vice-versa.
Os investidores interpretam os comentários de Bernanke como esperançosos. Em particular, os preços das ações aumentaram quando afastou temores de que o governo pudesse estatizar bancos
"Não precisamos ter propriedade sobre os bancos para trabalhar com eles", disse, argumentando que as agências federais têm poder de supervisão para devolver os bancos a um bom estado de saúde.
Na Bolsa de Valores de Nova York, os principais índices de ações americanos subiram em reação aos comentários de Bernanke. O índice industrial Dow Jones avançou 236,16 pontos, ou 3,32%, fechando em 7.350,94. O S&P 500 teve alta de 4,01%, encerrando a sessão em 773,14 pontos. Já o Nasdaq avançou 3,9%, encerrando os negócios em 1.441,83 pontos.
Fonte: Tribuna da Imprensa