Redação CORREIO
O juiz Cláudio Ferreira Rodrigues, que citou 'as gostosonas do Big Brother' e o Flamengo em uma sentença judicial, disse em entrevista ao portal G1 que utilizou uma linguagem popular baseada no que disse o autor da reclamação, durante audiência do 2º Juizado Especial Cível (JEC) de Campos, no Norte Fluminense.
“Toda a decisão minha, e acredito de todos os magistrados, é redigida retratando a realidade do ato que acabou de ocorrer. Ouvi e retratei. Indaguei o autor, que é uma pessoa humilde, qual o prejuízo que ele tinha tido, o que ele sentiu em razão de ter adquirido a TV e o vício (defeito) não ter sido removido. E ele falou: Deixei de assistir ao JN, ao BBB, e se declarou torcedor do Flamengo”, explicou o juiz, que também é flamenguista mas que não garantiu que não assistir o BBB.
O magistrado disse que a decisão levou em consideração critérios “da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação”, conforme prevê o artigo 2º da Lei 9.099/95.
'Não usei nada mais que a língua portuguesa'O juiz Cláudio disse que o Juizado Especial é uma maneira de ampliar acesso ao judiciário e que 'não é preciso aquelas formas e citações latinas'. Ele disse que uma das vantagens é a rapidez, com sentenças simples, de duas laudas. 'Me vali da simplicidade e da celeridade, e não usei nada mais que a língua portuguesa', diz.
Ele também acrescentou que 'gostosão' é uma palavra que consta no dicionário. 'O feminino é gostosona. É um fato notório que as mulheres que participam do BBB costumam posar para revistas”.
Segundo Cláudio, o autor da ação, que foi proposta em maio de 2008 mas julgada em fevereiro de 2009, está sem TV há quase dez meses e sofreu danos morais. “A TV é um bem essencial hoje em dia. Quem fica sem TV fica alheio às notícias, à margem da sociedade”, acredita o juiz.
O juiz nega qualquer intenção de ironizar o postulante com sua linguagem.“É uma forma de dizer que sou brasileiro e que, apesar de magistrado, sou uma pessoa comum. E o meu comportamento é todo ele no intuito de diminuir distância e afastar barreiras”, garante.
Cláudio Rodrigues tem 39 anos e é juiz há sete anos, tendo no total 12 anos como servidor do judiciário.
Fonte: Correio da Bahia