Agencia Estado
As poucas horas em que o prisioneiro Murat Kurnaz passou na sala de interrogatório da base americana de Guantánamo, em Cuba, foram piores e mais marcantes do que o período de cinco anos que ele passou na prisão. ?Guantánamo não é uma prisão e sim um campo de torturas?, afirmou. ?Eles me obrigavam a assistir às sessões de tortura de outros presos?, disse Kurnaz, por telefone, ao Estado. ?Esse foi, com certeza, meu pior momento em Guantánamo.?As denúncias de violações de direitos humanos que o alemão de origem turca publicou em um livro sobre sua experiência na base evidenciam os métodos utilizados na prisão da base e, ao mesmo tempo, explicitam as dificuldades que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, terá de enfrentar para fechá-la. ?Obama quer fechar Guantánamo, mas isso não se fará de modo tão fácil?, afirmou Kurnaz, que hoje vive na Alemanha. ?Será um grande desafio encontrar países que estejam dispostos a aceitar os presos.?Kurnaz, de 26 anos, foi detido em dezembro de 2001 no Paquistão, onde estava desde outubro para estudar o Alcorão. Ele diz ter sido vendido por US$ 3 mil para soldados americanos que buscavam suspeitos de terrorismo. Antes de chegar em Guantánamo, ele passou por uma prisão secreta no Afeganistão, onde as torturas começaram. ?Eles me chutavam e davam socos e choques?, afirma.Segundo Kurnaz, ele só ficou sabendo que estava em Guantánamo dias depois de ter chegado ao local. O alemão disse que o tratamento que recebeu na base foi igual ao do cárcere afegão. ?É possível que, após o tratamento humilhante recebido em Guantánamo, muitos inocentes comecem a nutrir um sentimento de ódio pelos EUA e depois venham a se tornar terroristas.? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: A Tarde