Regina Bochiccio, do A TARDE
Em pleno dia de Natal, o deputado federal ACM Neto (DEM) entrou na roda da disputa pela presidência da Assembléia Legislativa (AL) e declarou, nesta quinta-feira (25), que o DEM não aceita a 1ª Secretaria da Casa em troca de apoio à reeleição do presidente Marcelo Nilo (PSDB), proposta feita ao DEM pelo mesmo. Disse, também, que o DEM estaria conversando com outros partidos na Casa para compor, entre eles, o PMDB.
O processo estaria afunilando e, nos próximos dias, um nome ou da oposição ou com o apoio do DEM seria conhecido. Neto acusou, ainda, Nilo de convocar a sessão extraordinária – que começa dia 5 de janeiro – para conseguir votos já que cada deputado receberá um salário mais dois subsídios, que soma um total de R$ 37,5 mil. “Mas essa decisão (convocação) não terá resultado prático para ele”, disse Neto.
Isso tudo concorda com a declaração do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), no início da semana, que disse que, no caso de o PT não lançar um outro nome para a presidência, o PMDB se sentiria à vontade para compor com quem desejasse, o que inclui o DEM. A presidência da Casa se configura como mais uma disputa de poder entre PT e PMDB.
“O DEM já está se movimentando e pode compor com qualquer projeto viável contra Nilo. É natural que os partidos que compuseram com o prefeito João Henrique se aproximem”, disse Neto, referindo-se, certamente, ao PMDB e PR. Nos bastidores da Casa, sabe-se que três nomes disputam a candidatura de oposição a Nilo: Leur Lomanto (PMDB), Gildásio Penedo (DEM) e Elmar Nascimento (PR). Nilo já recebeu apoio oficial de vários partidos – PT, PTB, PSDB, PDT, PTdoB, PSC, PMN, PSB – e deverá receber, nesta sexta-feira (26), apoio do PCdoB.
Neto explicou que o DEM não apóia de jeito nenhum Marcelo Nilo porque o Legislativo baiano precisa ter independência: “Nilo é ao mesmo tempo presidente da Casa e líder do governo. Não há nenhuma chance de compormos com ele. Isso é decisão do Diretório”, falou Neto.
A TARDE tentou mas não conseguiu durante parte da manhã até o início da noite desta quinta-feira (25) contato com o presidente Marcelo Nilo e com o presidente do PMDB, Lúcio Vieira Lima.
Contraproposta – O PT já definiu que apóia Marcelo Nilo, embora o PMDB tenha feito a proposta de que apoiaria um nome do PT, mas não Nilo. O PMDB diz que Nilo não cumpriu a promessa de não ser candidato à reeleição e, além disso, ele não subiu no palanque de Wagner em 2006. Nilo admite que em razão de seu partido apoiar Geraldo Alckmin (PSDB-SP) em 2006, não poderia subir no palanque do PT para não ver impugnada sua candidatura. Segundo um deputado governista que preferiu não ser identificado, o ministro Geddel esteve com o governador Jaques Wagner no início da semana e recusou a contraproposta do PT, que seria a de Nilo no PT.
Ainda assim, o PMDB não aceitou. O boato de que Nilo pode, sim, sair do PSDB para entrar no PT está cada vez mais perto de ser confirmado como fato. O próprio Nilo já disse que caso Paulo Souto (DEM) migre para o PSDB, ele sai. Nilo se diz fiel ao governador Jaques Wagner. E, de fato, para o governo, Nilo é importante para que as coisas andem bem nos dois últimos anos de mandato. Paralelo a isso, a mesma fonte diz que o presidente do PMDB, Lúcio Vieira Lima, esteve conversando com o deputado ACM Neto sobre a eleição da AL.
Fonte: A Tarde