BRASÍLIA - O PT que nasceu urbano virou um partido dos grotões. Foram os votos obtidos nos pequenos municípios com no máximo 10 mil eleitores que permitiram ao PT crescer 33% neste ano, em números de prefeituras conquistadas, em comparação com a eleição de 2004. A "face" rural do PT, porém, não agregou votos na mesma proporção. O partido teve apenas 160 mil votos a mais do que nas eleições municipais anteriores, com um crescimento de 1% de sua base.
Os dados atualizados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que nessas cidades pequenas, o PT elegeu 277 prefeitos. Nas eleições de 2004, o partido elegeu 219 prefeitos nessas cidades e em 2000, foram apenas 77. Nas cidades com até 20 mil eleitores, o PT também cresceu - foram 45 prefeituras a mais do que nas eleições passadas, um aumento de 59%.
"A boa imagem do presidente está muito ligada a esse perfil de eleitor. O discurso do presidente é adequado justamente para esse perfil", explicou o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB). Além disso, diz o pesquisador, os principais programas do governo, como Bolsa Família e Luz para Todos, estão voltados principalmente para essas pequenas cidades, que carecem de infra-estrutura e dependem fortemente de recursos federais, o que acaba ajudando na eleição de candidatos aliados a Lula.
Essa tática do PT confirmada no domingo inverte a orientação do partido quando foi fundado, em 1980. Para se tornar um partido grande, o PT investiu fortemente nas disputas que lhe garantissem visibilidade nacional.
Agora, ao chegar à Presidência da República e figurando como o terceiro maior partido do País em número de prefeituras, o partido faz o movimento inverso e tenta aliar as disputas em cidades grandes com a interiorização da legenda.
Pelo dados do 1º turno, a tática foi bem sucedida. Ao mesmo tempo em que ampliou sua presença nas cidades pequenas e médias, o PT já garantiu no primeiro turno o comando de 12 cidades com mais de 200 mil habitantes, mais do que os outros partidos. Destaque para Fortaleza e Recife, cidades com mais de 1 milhão de habitantes em que os candidatos do PT se reelegeram.
PMDB
Partido que nunca elegeu um presidente da República, o PMDB sempre privilegiou as disputas por prefeituras Conseguiu com isso tornar-se hegemônico na disputa pelo maior número de prefeitos e vereadores. Os dados do TSE mostram que a legenda comandará o maior número de cidades no País - 1.194 - e foi responsável pela eleição de 16,3% dos vereadores do país.
O PSDB, partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aproveitou-se dos oito anos em que comandou o País para também se interiorizar, como faz agora o PT. Apesar da queda no número de prefeituras neste ano, o partido mantém-se em segundo lugar no ranking das maiores legendas, a frente do PT.
Fonte: Tribuna da Imprensa