domingo, agosto 24, 2008

Disfarçada de moradora, repórter vende espaço fictício

Da Redação
Antes de saber como deve proceder para colocar a placa de um candidato na janela, o interessado que telefonar para qualquer comitê de campanha, diretório de partido ou gabinete de vereador, invariavelmente deverá responder uma pergunta: "Onde fica a sua casa?". As placas são artigo de luxo das campanhas e, portanto, devem ficar expostas em lugares com visibilidade exemplar. O pagamento ou não pela colocação em lugar privilegiado é assunto velado. Sem se identificar, o JB entrou em contato com as representações de alguns candidatos para oferecer uma janela em Copacabana. A maioria negou oferecer dinheiro, algumas ficaram na dúvida se o espaço valia o pagamento e uma fez a oferta de R$ 200.
No diretório do PMDB, informaram que era só passar lá e pegar a placa. Diante da pausa antes da confirmação, emendaram: "Você queria ganhar para isso?" e mandaram ligar para o comitê financeiro. No telefone indicado, uma mulher informou tratar-se do comitê central e disse que não paga pela colocação, mas que iria checar com o supervisor, em outro horário.
No diretório do PSB, informaram que alguns candidatos pagam "dependendo do ponto e se é movimentado". Ao saberem que tratava-se de Copacabana, sugeriram tentar com Dalva Lazaroni, que "poderia se interessar". No comitê do PSDB, alguém ponderou "acho que o Gabeira ainda não tem placa porque estamos com uma campanha um pouco pobre" e orientou ligar mais tarde para uma assessora. No horário combinado, outra pessoa atendeu e avisou: "Isso não envolve recurso financeiro".
Mas no comitê de Andrea Gouvêa Viera veio a comprovação e a demanda foi encaminhada a uma "pessoa específica". "Você liga para esse mesmo número e pede para falar com ele para negociar isso", orientaram. No horário combinado, o responsável quis saber detalhes sobre o local (andar, ponto de referência, se havia árvores ou material de outro candidato por perto) e pediu o endereço para checar pessoalmente antes de fazer a oferta de R$ 100 por mês, R$ 200 no total, a mesma, segundo ele, paga a uma residência na Zona Norte.
A assessoria de imprensa do PT sugeriu o contato com o comitê, por telefone, ou com uma assessora de Molon, por e-mail. "Estamos sem placa. A campanha está bem pobrezinha. Mas você pode passar aqui e pegar panfleto e adesivo de carro", informaram. A assessora do candidato não respondeu se paga pela colocação das placas.
Fonte: JB Online