quarta-feira, agosto 06, 2008

Crime tinha lista de autoridades para matar

BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) entregou ontem à Justiça o inquérito da Operação X, deflagrada segunda-feira, que culminou na prisão de quatro pessoas ligadas a um esquema criminoso liderado de dentro do Presídio Federal de Campo Grande por Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Ramirez Abadía. Mantido sob sigilo absoluto pela Justiça, o documento inclui uma lista com juízes, autoridades da área de segurança e políticos que seriam alvos de seqüestros e extorsões por parte da quadrilha.
Na lista, possivelmente estaria a família do senador Magno Malta (PR-ES). Por causa disso, ele pediu ontem à PF proteção para a família e solicitou segurança ao presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). No fim da tarde, Malta convocou a imprensa para ouvir um ex-presidiário que, segundo ele e o senador Romeu Tuma (PTB-SP), foi um "grande colaborador das CPIs do Narcotráfico e do Roubo de Cargas".
O informante disse que Beira-Mar já teria um plano para seqüestrar os filhos do parlamentar e outras oito pessoas. Informações davam conta ontem que a lista da Operação X teria até 30 nomes, mas nada foi confirmado oficialmente.
O informante teria ouvido de Alessandra Costa, irmã de Beira-Mar, o plano de seqüestro de autoridades e familiares. Alessandra já foi presa por associação para o tráfico.
O primeiro passo do narcotraficante seria fugir de Campo Grande. Para isso, haveria duas possibilidades: ou uma ação direta, como a de abril (quando um grupo não identificado atacou a prisão federal), ou um resgate em uma transferência de presos. Ontem, por exemplo, a PF montou uma megaoperação para ouvir Abadía e Beira-Mar na superintendência, com apoio de centenas de homens e pelo menos 60 viaturas.
A PF não conseguiu nenhuma resposta dos criminosos, apesar de quase 11 horas de interrogatório, segundo os advogados Wellington Corrêa da Costa Júnior e Luiz Gustavo Battaglin. Eles estiveram no inicio da noite na sede da PF, onde receberam cópias dos depoimentos, e explicaram terem instruído seus clientes, a não responder nenhuma pergunta sobre as acusações, que segundo o Ministério Público Federal divulgou em nota, são "formação de quadrilha com a finalidade de praticar crimes diversos, entre os quais, o de extorsão mediante seqüestro". O MPF repudiou o que qualificou como vazamento de informações para a imprensa e vai abrir uma investigação a respeito.
Os depoimentos dos acusados terminaram na madrugada de hoje. Também foram ouvidos José Reinaldo Girotti e João Paulo Barbosa, supostos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que teriam executado o maior roubo a banco da história do País - o do Banco Central de Fortaleza, em 2005. A exemplo de Abadía e Beira-Mar, eles foram reconduzidos ao presídio federal. Foram ouvidos ainda, e seguem presos na PF, Ivana de Sá (ex-mulher de Beira-Mar), Leandro dos Santos e Leonice de Oliveira (parentes de Barbosa) e o advogado Vladimir Búlgaro, que representa Girotti em São Paulo.
Fonte: Tribuna da Imprensa