A língua de Ciro Gomes vem dando enorme prejuízo ao dono.
Ela age como se desejasse levar patrimônio dele à liquidação.
Graças à própria língua, Ciro acaba de perder o acesso ao próprio salário.
Ela, a língua, dirigira meia dúzia de desaforos a José Serra, em 2002.
Coisas assim: Serra é "o candidato dos grandes negócios e negociatas...”
É o candidato “da manipulação despudorada do espaço público...”
É o candidato “do dinheiro público para fins eleitorais."
Abespinhado, Serra levou o dono da língua às barras dos tribunais.
E a Justiça condenou Ciro a pagar-lhe indenização por danos morais.
Coisa de 100 salários mínimos –ou R$ 41.500.
A língua dá de ombros: “Devo, não nego, mas pago quando puder.”
Daí o bloqueio da conta-salário de Ciro, determinado por um juiz de São Paulo.
Não é a primeira vez que isso ocorre. Nem é a única encrenca causada pela língua.
Em 1995, num programa “Roda Viva”, ela tachara Henrique Santillo de corrupto.
Santillo, ex-ministro da Saúde da gestão Itamar Franco, foi aos tribunais.
Morreu em 2002. Mas o processo continuou rolando. E Ciro foi condenado.
Dessa vez, a indenização foi de R$ 266.140. Dinheiro a ser repassado à família do ofendido.
Como não houve pagamento, o Judiciário penhorou o apartamento do dono da língua.
Hoje, como que calejada, a língua já admite, aqui e ali, a degustação de um sapo.
Na campanha à prefeitura de Fortaleza, Ciro apóia a ex-mulher, Patrícia Saboya (PDT).
O problema é que o PSB, partido de Ciro, coligou-se a outra candidata: Luizianne Lins (PT).
Abespinhada, Luizianne disse o seguinte a respeito de Ciro: “Não é um rapaz sério.”
Instada a responder, a língua de Ciro se fez de cega: “Nem vi.”
E quanto à chiadeira do PSB? “Noto não. Mas, se tiver, azar.” Irreconhecível.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha ONLINE