Ibama vai investigar denúncias de comércio clandestino das aves que estão chegando ao litoral de Salvador
Não bastasse o desgaste da rota desviada, os pingüins exaustos e famintos, que aportam nas praias de Salvador e precisam de cuidados especiais, estão enfrentando outro drama: a venda clandestina. O Instituto de Mamíferos Aquáticos (IMA) formalizou ontem a primeira denúncia de comércio das aves. Uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inicia hoje buscas pelas praias da cidade baixa, para tentar capturar os bichos que estariam sendo postos à venda.
Os animais, oriundos do Estreito de Magalhães, na região da Patagônia argentina, saíram da rota migratória natural e começaram a aparecer no litoral nordestino na metade deste mês. Apenas ontem, 20 novos pingüins chegaram à sede do IMA, em Pituaçu. Estima-se que mais de 140 aves aportaram em Salvador. Boatos sobre o comércio clandestino dos bichos surgiram no início da semana. Segundo a coordenadora do IMA, a bióloga Sheila Serra, a formalização da denúncia no Ibama tem o objetivo de levar o órgão a investigar as suspeitas, ainda não confirmadas.
“Temos idéia do local. Vamos até lá solicitar a entrega das aves. Se precisar de apoio, vamos pedir à Polícia Federal”, explicou o superintendente regional do Ibama, Célio Costa Pinto. A venda ou guarda de espécies da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, é crime pela lei ambiental. A punição para quem pratica o delito é prisão de seis meses a um ano e multa de R$500 por animal.
O presidente da Sociedade de Pesquisa e Preservação dos Mamíferos Marinhos (Mama) – organização que tem feito o monitoramento da chegada de pingüins no Nordeste –, Luciano Wagner Reis, afirma que mais de 200 aves já chegaram à costa baiana. Outros dois casos foram identificados pelo projeto no Nordeste – em Sergipe e Alagoas. Ele confirma ter recebido várias informações sobre a venda dos pingüins, mas afirma que “apenas um ou dois casos” poderiam ser reais, segundo sua equipe.
Fonte: Correio da Bahia