Patrícia França
A convenção municipal do PMDB que neste domingo, 15, oficializou a candidatura à reeleição do prefeito de Salvador João Henrique Carneiro (PMDB) e do tributarista Edivaldo Brito (PTB), no cargo de vice, colocou em cena as duas principais lideranças políticas na Bahia – o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) – e mostrou que os peemedebistas largaram com vantagem na campanha pela sucessão na capital baiana.
Enquanto o PT vive uma crise na frente partidária que dá sustentação à candidatura do deputado federal Walter Pinheiro – com o risco de haver dissidência do aliado histórico PCdoB, que se diz “traído” com a escolha da deputada federal Lídice da Mata (PSB) para a vice na chapa –, o candidato do PMDB entra na eleição com uma coligação formada por nove partidos e ostentando a terceira colocação nas pesquisas. Fica atrás do candidato do DEM, deputado federal ACM Neto, e de Antonio Imbassahy (PSDB), ex-prefeito de Salvador e antecessor de João.
]Já o deputado Walter Pinheiro, cuja vitória na prévia do PT pode ser debitada à atuação direta do governador Jaques Wagner, figura como o último colocado nas pesquisas, embora o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, diga que o ele tende a crescer, porque tradicionalmente as esquerdas (PT, PCdoB, PSB e PV) têm 30% dos votos em Salvador, teto que não se alterou nem mesmo na crise do mensalão. Na eleição de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Jaques Wagner ganharam com folga na capital.
Mas neste domingo, na festa que reuniu mais de dois mil militantes do PMDB, PP, PTB, PDT PSC, PSL, PHS, PRTB e PMN, na Casa de show “Espetáculo”, na orla de Salvador, tanto o ministro Geddel como o governador Wagner demonstraram que desejam uma campanha amistosa entre os dois aliados no plano federal e estadual. Eles dizem que estarão unidos no segundo turno. Wagner, que derrotou o ex- governador Paulo Souto, do ex-PFL carlista, depois de 16 anos no poder, chamou a atenção para a unidade dos partidos da base de sustentação de seu governo.
“O que o homem uniu em 2006, através do voto que é essa coligação vitoriosa, os homens não devem tentar separar”, exortou, frisando que não construiu uma aliança para ganhar uma eleição, mas uma nova página política na Bahia. Wagner lamentou a festa não ter sido completa pela ausência do PT na chapa, e garantiu a João Henrique que, se no primeiro turno terá de dizer que sua base não tem apenas um candidato a prefeito, estará em seu palanque, no segundo turno, caso venha a derrotar o candidato do PT.
Já o ministro Geddel Vieira Lima girou a metralhadora contra ACM Neto (DEM) e Antonio Inbassahy (PSDB), os dois principais adversários do prefeito João Henrique. Mas aliviou no discurso em relação a Walter Pinheiro (PT). Geddel ironizou Imbassahy, que anunciou será o secretário da Saúde do município, caso seja eleito, e não aceitará negociação política na pasta. “Ele teve oito anos e nada fez. Sua secretária, Aldely Rocha, esteve envolvida no escândalo do desvio de leite”, acusou. Chama ACM Neto de “príncipe herdeiro daqueles que comandaram a Bahia por 30 anos e não fizeram”, e comparou a frente de esquerda a uma frente fria: “Não consegue chegar ao continente, está voltando para o mar, porque não consegue se consolidar como alternativa para Salvador”.
Fonte: A TARDE