O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, participou de entrevista multimídia realizada pelo Grupo A TARDE com a participação do editor de Política, Adilson Borges, do repórter da Agência A TARDE, Biaggio Talento, da editora coordenadora de Brasil, Patrícia Moreira, do editor-chefe, Florisvaldo Mattos, do secretário de Redação, Wilson Gasino, do colunista Levi Vasconcelos (Tempo Presente), e da repórter de meio ambiente Maiza Andrade. Durante a sabatina, que incluiu perguntas enviadas por 168 internautas do portal A TARDE On Line, ele falou sobre política municipal e estadual, os projetos conduzidos por sua pasta, como a transposição do Rio São Francisco, dentre outros temas ligados à política baiana.
O ministro criticou a retirada do PT da aliança que dá sustentação ao governo João Henrique Carneiro: “A boa ética política indicava que o PT mantivesse sua postura de sustentação à administração do prefeito e sinalizasse com seu apoio político a reeleição de João Henrique. Preferiu optar por outro caminho, que deverá ser julgado pela sociedade”, sustentou. Geddel usou um tom de desconfiança ao se referir à aproximação do PT com o PR do senador César Borges. “Como falar em frente de esquerda quando você admite incorporar o Partido da República? Por mais respeito pessoal que tenha por seus integrantes, e tenho e proclamo, mas evidentemente que considerar o Partido da República, com o perfil dos seus integrantes, um partido de esquerda, eu acho que é um pouco exagerado”. Geddel também falou sobre a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente.
A TARDE O PT acabou de definir seu pré-candidato às eleições de outubro, que é Walter Pinheiro. Como isso vai alterar, impactar a candidatura de João Henrique, que é o nome apresentado por seu partido? Nós queremos saber se isso influencia porque o que se fala é que até para o PMDB, e para o senhor especialmente, o candidato ideal do PT seria Nelson Pelegrino. Pois imagina-se que ele não teria tanto apoio dos aliados como terá certamente Pinheiro?
GEDDEL VIEIRA LIMA Veja bem, para nós do PMDB não altera absolutamente nada a escolha do PT. Alteraria se, como seria a lógica, o PT tivesse permanecido na base de sustentação de João Henrique e tivesse apoiado a candidatura de João Henrique, essa era a nossa expectativa. Esse era nosso entendimento. Entendimento fruto até do fato de que João Henrique, ao vir para o PMDB, veio numa situação previamente ajustada com o governador Jaques Wagner. Entendimento pelo fato de que o PT participou da vitória de João Henrique em segundo turno e participou da gestão de João até bem pouco tempo, sendo portanto, co-responsável pelo que houve de bom, pelo que tem havido de bom, e pelo que eventualmente possa ser considerado equívoco.
AT Está claro que o senhor ainda, digamos assim, não aceitou a saída do PT. Seu discurso está bem forte, inclusive no dia da adesão do professor Edvaldo Brito o senhor fez um discurso forte, disparou contra Antonio Imbassahy (PSDB). Eu presumo que o senhor vai fazer a mesma coisa com o PT, é isso?
GVL Não, veja bem, primeiro não vamos colocar isso na linha do bateu-levou. Esse é um discurso político absolutamente claro, nós vamos ter que nos respeitar, mas vamos ter que fazer o debate com clareza para a sociedade.
AT Ministro, a campanha está começando com um tom mais quente, isso não dificultaria, em um segundo turno, uma aproximação com o próprio PT e PSDB? Enfim, não fecha portas para o segundo turno?
GVL O sistema de eleição em dois turnos existe exatamente para isso. Na eleição em primeiro turno o eleitor escolhe quem acredita ser o melhor. No segundo turno, a eleição se torna uma eleição plebiscitária. Temos que evitar a agressão pessoal. Fora daí, eu não vejo porque o debate, por mais duro, por mais firme que seja, possa inviabilizar a busca de novos encontros numa eleição de dois turnos.
AT Ministro, houve uma provocação, pelo menos eu entendi assim, do secretário de Comunicação do governo do Estado, Robinson Almeida, onde ele faz uma aposta de que o PT ganha a eleição pra qualquer candidato no segundo turno. Eu gostaria de saber se o senhor tem essa mesma convicção de que o PMDB ganha contra qualquer candidato no segundo turno? E o que o senhor achou também dessa aposta? O senhor apostaria hipoteticamente com ele?
GVL Não, cada um tem um hábito. Entre os meus hábitos não está o de apostar. Eu verdadeiramente creio que o PMDB tem a proposta mais coerente. Tem a aliança formada, do ponto de vista ideológico, mais consistente. É a aliança que deverá ter que apresentar menos explicações ao eleitor e quem menos explica tem mais chances de vitória eleitoral. Portanto, a minha crença é de que o prefeito João Henrique chegará ao segundo turno e terá condições de vencer as eleições em segundo turno.
AT Que aliança o senhor imagina que fará o PT?
GVL Estou vendo muita especulação do PT numa conversa com o PR. Eu acho que uma aliança dessa (entre PT e PR) em Salvador terá que ser explicada.
AT O PR não faz parte da base?
GVL Terá que ser explicada (a aliança PT/PR). Por quê? Porque o meu amigo governador do Estado e o PT, a todo instante fazem, por exemplo, referência aos desmandos e desacertos administrativos e outros mais dos últimos 16 anos que ocorreram na Bahia. Que face mais visível podem ter esses desmandos ou esses equívocos administrativos tão ressaltados pelo Partido dos Trabalhadores do que a figura do senador César Borges?
AT Ministro, o pré-candidato Walter Pinheiro foi dos petistas o que mais defendeu a permanência da aliança com João Henrique. Brigou por isso até o último instante. Nelson Pelegrino foi quem mais pregou a separação. O fato de Pinheiro ser o candidato do PT, isso altera o discurso do PT? Vai haver uma relação de compadrismo, por ter essa amizade com o senhor?
GVL Bom, não vamos confundir. A política não permite compadrio. A minha relação civilizada de amizade com Pinheiro existe. O que não nos coloca necessariamente no mesmo campo da defesa de idéias. Ele tem as posições dele, eu tenho as minhas. Eu defenderei as minhas com firmeza. Agora, evidentemente que esta questão que você coloca é algo que não deve ser explicado por mim, quem vai ter que explicar é Pinheiro. A minha relação com Pinheiro se acentuou nesse período final, agora, quando ele foi o grande interlocutor do PT na administração de João Henrique. Todas as conversas que ele teve conosco, do PMDB, era no sentido primeiro de que o PT não deveria sair da administração. Foi o deputado Walter Pinheiro o grande agente da chamada ‘repactuação’, através de ações práticas. Foi o deputado Walter Pinheiro que indicou o ex-secretário Carlão para a Saúde; que indicou o secretário de Governo, doutor Gilmar Santiago. Isso há dois meses. A sociedade vai dizer se é justo ele, a partir de agora, fazer críticas à administração de João Henrique na Saúde, na Infra-Estrutura, na articulação política, tendo sido um árduo, um caloroso defensor da manutenção do PT na sustentação de João Henrique.
AT Mas o senhor não considera que o PMDB também não tem como explicar uma eventual aliança com o Democratas?
GVL Mas quem lhe falou em eventual aliança com o Democratas? Quando surgiu a possibilidade de aliança com o Democratas foi muito fazendo aquilo que vocês jornalistas gostam de fazer, que é especular sobre o futuro, fazer um exercício de futurologia...
Leia íntegra da matéria na versão impressa do jornal ou na versão digital neste domingo. Ouça na A TARDE FM (103.9 mhz), neste domingo, às 21 horas, o que o ministro falou sobre as obras do metrô em Salvador e o PAC do Cacau.
Fonte: A TARDE