Força-tarefa desarticula quadrilha e suspende pelo menos 40 mil carteiras consideradas suspeitas
SÃO PAULO - Dezenove pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que falsificava carteiras de habilitação foram presas ontem durante a Operação Carta Branca, realizada por uma força-tarefa formada pelo Ministério Público Estadual (MP), Polícia Rodoviária Federal, Corregedoria da Polícia Civil, Secretaria da Fazenda do Estado e Agência Nacional de Petróleo (ANP). As falsificações eram realizadas, principalmente, nas cidades de Ferraz de Vasconcelos, na grande São Paulo, e Mogi das Cruzes, a 58km da capital.
Pelo menos 40 mil carteiras foram suspensas sob suspeita de fraude. Além de 19 mandados de prisão deferidos pela Justiça, que resultaram nas prisões, a força-tarefa cumpriu também mandados de apreensão em 34 localidades espalhadas pela grande São Paulo. Foram apreendidos milhares de documentos que comprovam a fraude, computadores, além de dinheiro e prontuários de carteira de habilitação. O esquema da venda dos documentos falsos contava com médicos, psicólogos, despachantes, proprietários e funcionários de auto-escolas, pelo menos um delegado e agentes policiais.
A quadrilha movimentou ao menos R$1,3 milhão nos últimos dois anos, segundo o Ministério Público. Durante a operação, que envolveu a Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria da Fazenda do estado e até da ANP (Agência Nacional do Petróleo), 19 pessoas foram presas e 44 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Entre os presos estão o delegado de polícia Juarez Pereira Campos, que comanda a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ferraz de Vasconcelos (grande São Paulo), e o policial civil Aparecido da Silva Santos, que trabalha na mesma Ciretran.
Segundo as investigações, a quadrilha mandava carteiras de habilitação falsificadas para o Rio de Janeiro e outros seis estados brasileiros: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Rondônia. O bando também cobraria para dar baixa na pontuação de multas.O esquema só era possível, segundo o MP, porque o delegado Juarez Campos participava. Ele e a mulher, Ana Lúcia Máximo de Campos, foram presos ontem pela manhã em Mogi das Cruzes, na casa onde residem. Ela também é dona de auto-escola. Na mesma cidade, agentes policiais e promotores cumpriram mandados de busca e apreensão em dois centros de formação de condutores e uma auto-escola. Também foram feitas diligências nas cidades de Poá, Guarulhos e Barueri, na grande São Paulo.
A investigação do esquema começou com a Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso do Sul. Os policiais daquele estado verificaram que diversas ocorrências envolvendo motoristas com carteiras emitidas no estado de São Paulo eram suspeitas de fraude. Entre os fatores que despertaram a desconfiança de policiais estão CNHs de pessoas analfabetas e deficientes físicos, que não possuíam a carteira para portadores de deficiência. De acordo com o Ministério Público, essas carteiras eram emitidas sem que houvesse a necessidade da presença física do candidato a condutor.
A quadrilha descobriu que o sistema de identificação por impressão digital do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo poderia ser fraudado. Segundo Marcelo Oliveira, promotor do Gaerco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) de Guarulhos, o sistema é falho. “Ele (o sistema) permite que qualquer digital seja colocada no lugar da digital do candidato. Em alguns casos foram registrados 200 condutores usando a mesma digital no procedimento de emissão de habilitação”, afirmou o promotor. Além de usar a mesma digital em diversos documentos, a quadrilha também usava dedos de silicone e digitais coletadas em massas de modelar.
Somente na Ciretran de Ferraz de Vasconcelos foram emitidas, ao menos, 1.231 CNHs por meio desse sistema fraudulento nos últimos dois anos. Cada habilitação, que podia ser emitida para o país inteiro, custava em média R$1.500. Somente as CNHs para Minas Gerais custavam R$1.800, já que a fiscalização no Detran daquele estado é mais rígida, segundo informou o promotor. Foram apreendidos milhares de documentos que comprovam a fraude, além de dinheiro e prontuários de CNH. (Folhapress e AG)
***
Greve de vigias fecha 493 agências bancárias
SÃO PAULO - O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região estima que ao menos 493 agências bancárias fecharam nas duas cidades na manhã de ontem devido à greve dos vigilantes. Os bancos que abrirem as agências sem o mínimo de dois vigilantes estarão descumprindo a Lei Federal 7.102 de 1983, que trata de segurança bancária. O movimento deve continuar amanhã, já que os vigilantes decidiram manter a greve. Um levantamento feito junto às regionais do sindicato indica que estavam fechadas, por volta das 13h30, 244 agências do centro de São Paulo, 204 da zona norte, 24 na região da Avenida Paulista e outras 21 em Osasco (Grande São Paulo). “As instituições financeiras que estão desrespeitando a lei serão responsabilizadas por eventuais danos aos trabalhadores e à população.
Os bancos têm de preservar a integridade física de bancários e clientes”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários. Pela manhã, cerca de 2.500 vigilantes protestaram no centro da cidade. Já o Seevissp (Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância, Segurança e Similares de São Paulo), que representa a categoria, estimou que o número de manifestantes é de cinco mil. Após o protesto, os vigilantes se reuniram em frente à Câmara Municipal para uma assembléia, onde decidiram pela manutenção da paralisação.
O Sindicato dos Bancários enviou uma carta aos responsáveis pela Policia Federal de São Paulo solicitando fiscalização efetiva das agências bancárias e que tomem as providências cabíveis como autuação por descumprimento da legislação e fechamento das agências. A entidade também encaminhou comunicado ao departamento de recursos humanos dos bancos cobrando o cumprimento da lei. Segundo o sindicato, as direções do Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Nossa Caixa, Itaú e Safra se comprometeram em não abrir agências sem vigilantes.
Por meio de nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos, em São Paulo), informou que o movimento na maioria das agências no estado foi normal. A nota lembra que o pagamento de contas com vencimento ontem deveria ser considerado normal. O Sesvesp, que representa as empresas de segurança, informou que as reivindicações do sindicato dos funcionários estão sendo negociadas no TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo). Segundo a assessoria do Sesvesp, 13 dos 22 sindicatos dos trabalhadores de vigilância espalhados em todo o estado aceitaram a proposta de 5,9% de reajuste salarial e elevação do tíquete-alimentação para R$6. (Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia