Pires cita subordinado e secretário de Administração
O ex-secretário de Controle Interno da Presidência José Aparecido Nunes Pires, responsável pelo vazamento do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique, nomeou à Polícia Federal outros dois funcionários da Casa Civil que participaram da montagem do documento.
Em depoimento na sexta-feira à Polícia Federal, do qual saiu indiciado, José Aparecido disse que recebeu a planilha pronta de Marcelo Veloso, da equipe que ele comandava no Planalto, e que a ordem para que cedesse servidores para o levantamento das despesas do governo tucano partiu de Norberto Temóteo, secretário de Administração.
José Aparecido admitiu que enviou o e-mail para o gabinete do senador tucano Álvaro Dias (PR), mas que a planilha Excel seguiu por engano.
– Reconheço que saiu da minha máquina, mas foi sem dolo ou má-fé – disse ao delegado. – Tive uma surpresa quando percebi que tinha enviado (...). Não lembro como.
O advogado Luiz Maximiliano Telesca confirmou que "em nenhum momento" seu cliente assumiu à PF que teve intenção de vazar dados.
O ex-secretário contou que Veloso, por ser seu subordinado, entregou-lhe um pen-drive. Dele, teria baixado dois documentos em seu computador: um texto em Word com o título Supervisão Ministerial e a planilha em Excel com os gastos de FH, Ruth Cardoso e ex-ministros, chamada de Suprimento de Fundos.
José Aparecido disse que pretendia enviar a André Fernandes, assessor do senador tucano, apenas um texto, não a planilha.
– Ele foi enfático ao dizer que não passou os dados propositadamente – disse o advogado.
O delegado Sérgio Menezes, encarregado do caso, perguntou se a ministra Dilma Rousseff ou a secretária-executiva Erenice Guerra tinham ordenado o levantamento ou tido algum envolvimento. Aparecido não as eximiu. Disse que não poderia fazer comentários sobre isso. Afirmou que foi Temóteo quem lhe pediu reforços porque o Planalto decidira preparar-se para responder a futuras indagações sobre gastos com cartões corporativos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus ministros.
Dirceu
Menezes questionou a eventual participação do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Aparecido, militante do PT e apadrinhado por Dirceu, negou ter submetido o dossiê ou combinado seu vazamento com o ex-chefe. Disse à PF que os dois conversam "freqüentemente", mas nunca trataram do assunto.
Aparecido foi indiciado por "quebra de sigilo funcional"', enquadrado no artigo 325 do Código Penal, que prevê pena de reclusão de dois a seis anos, além de multa. A PF já colheu o depoimento de Marcelo Veloso. Pretende ouvir esta semana Noberto Temóteo. Espera que ele esclareça quem encomendou o dossiê. A íntegra do depoimento de José Aparecido será revelada na terça, na CPI dos Cartões. (Folhapress)
Fonte: JB Online