A biotecnóloga Regina Maria Pinto de Figueiredo, chefe do grupo de pesquisa que publicou estudo sobre a infecção de três manauaras com a dengue tipo 4, não tem dúvidas que está certa, apesar de contestação do Ministério da Saúde.
– Foi feito seqüenciamento do DNA do vírus colhido dos pacientes. O Ministério da Saúde tem o direito de contestar, mas fomos até o último nível de tecnologia para ter certeza – declara a pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.
Dinheiro público
O trabalho dos pesquisadores foi financiado pelo próprio governo federal, por meio do CNPq, e teve parceria a Universidade Federal do Amazonas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e a Universidade de Porto Rico. Mas as justificativas do Ministério da Saúde também são científicas. Foi feita investigação dos três casos além de outros 11 suspeitos. Nove amostras conseguiram ser recuperadas a tempo de serem testadas pela Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Evandro Chagas, no Pará. O resultado deu positivo para o tipo 3 do vírus.
Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ, defende o estudo da equipe de Regina. O especialista diz que a revista que publicou o trabalho é rigorosa com os métodos para aceitação do artigo, quase sempre recomendando revisões.
– Trata-se de uma revista científica conhecida internacionalmente. Li o trabalho da fundação de Manaus e está muito bem fundamentado. Mais importante que tentar contestar o trabalho é proteger a população com o combate aos focos da doença e melhorar a infra-estrutura urbana no país.
Paulo Tauil, sanitarista da UnB, concorda com o Ministério da Saúde, usando, inclusive, um de seus argumentos:
– Se fosse dengue tipo 4 na época que o estudo foi feito, entre 2005 e 2007, a cidade de Manaus já viveria epidemia.
Regina, que investiga outros sete casos para o tipo 4, explica que, comparado com a infestação do tipo 3, o tempo entre a identificação do vírus e a formação da epidemia leva geralmente três anos.
Fonte: JB Online