Rivalidade entre os dois partidos chega ao interior do estado
Cíntia Kelly
A rivalidade entre PT e PMDB extrapola o Palácio Thomé de Souza e parte para o interior do estado. Em Itapetinga, os dois partidos vão estar em lados opostos nas eleições de outubro. O PT, que no estado é aliado do PMDB, deverá se coligar ao Democratas. A confusão foi resumida pelo prefeito de Itapetinga, Michel Hagge (PMDB), que deve ser candidato à reeleição. “O PT sempre foi assim. Gosta de receber apoio, mas nunca é fiel. Aqui na região, acabamos sempre em rota de colisão, já que nem eles próprios se entendem. Os petistas aqui sinalizam até se unir ao DEM para me enfrentar”, alfineta.
O impasse entre PT e PMDB está sendo discutido neste final de semana em Itapetinga, no Encontro Regional do PMDB. Ao todo, 26 municípios estarão participando e discutindo as possíveis alianças a serem feitas. O evento, organizado pela Fundação Ulisses Guimarães, ligada ao PMDB, tem o propósito de discutir as eleições de outubro com os pré-candidatos a prefeito e vereador do PMDB. Os temas são campanha, programa de governo, coligações e discurso partidário. O ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, participa, hoje, do encerramento do evento.
Diferentemente da resolução nacional, que permite coligação com o PT desde que o DEM seja cabeça de chapa, o ex-governador Paulo Souto, presidente estadual da legenda, baixou uma resolução estadual que proíbe em quaisquer circunstâncias uma coligação entre o seu partido e o PT.
Para o presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, o encontro vai refletir o descontentamento da militância com a saída do PT da administração municipal de Salvador. “Temos hoje uma militância tão aguerrida quanto a do PT. Os debates tenderão a ser mais acalorados daqui para frente”, antevê Lúcio.
No entendimento de lideranças peemedebistas, o PT não tem cacife eleitoral para querer lançar candidato próprio. “Na última eleição, o candidato do PT teve 206 votos. O do PMDB teve 11 mil”, contou a deputada estadual Virgínia Hagge, afirmando que o PMDB é um partido de maior tradição na região. Questionada se essa rivalidade poderá transcender o município e atingir a Assembléia Legislativa, onde o PMDB é da base aliada do governo Wagner, Virgínia disse que o partido está sabendo diferenciar os cenários. “Os municípios estão sabendo fazer essa diferenciação. Nós do PMDB continuamos dando sustentação ao governo de Jaques Wagner. Isso é um fato”, frisou Virgínia.
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Um relacionamento cada vez mais difícil
O rompimento entre o PT e a administração municipal em Salvador foi emblemático, mas a relação dos dois partidos está sendo difícil em vários municípios baianos. Em alguns deles, inclusive, já foi declarada guerra entre as duas legendas. Camaçari é um exemplos. De um lado disputa a reeleição Luiz Caetano, do PT. Do outro, o deputado estadual Ferreira Ottomar, que em 2004 abandonou a campanha para apoiar Caetano.
Em Alagoinhas, Joscélio Carmo, do PMDB, enfrentará Elionaldo Faro, do PT. Em Cruz das Almas, Orlandinho, atual prefeito petista, vai encontrar o peemedebista Dr. Jean. A divergência acontece ainda em municípios de grande porte, como Juazeiro, Itabuna e Feira de Santana. (CK)
Fonte: Correio da Bahia