Os jornalistas Ziraldo e Jaguar foram contemplados ontem com mais de R$ 1 milhão em indenizações pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça por alegados prejuízos que sofreram com a perseguição política durante o regime militar. O julgamento dos processos deles foi realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio, juntamente com os de outros 18 jornalistas.
"Aos que estão criticando, falando em bolsa-ditadura, estou me lixando", discursou Ziraldo, em referência ao apelido dado à remuneração pelos opositores dos pagamentos liberados pela Comissão de Anistia. "Esses críticos não tiveram a coragem de botar o dedo na ferida, enquanto eu não deixei de fazer minhas charges. Enquanto nós criticávamos o governo militar, eles tomavam cafezinho com Golbery", emendou o cartunista, muito aplaudido pelos que acompanharam a sessão, a primeira feita fora de Brasília.
Entre os beneficiados também estava o jornalista Ricardo de Moraes Monteiro, chefe da assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda, que receberá R$ 590 mil. Preso e torturado durante a ditadura, Monteiro alegou ter perdido o vínculo com a empresa trabalhava por causa da perseguição política.
"Sou de família comunista, meu pai foi preso em 1974. Meu irmão foi preso comigo em 1975 e depois se suicidou. Essa dor não vai ser reparada. Orgulho-me do que fiz. Quero homenagear os jornalistas que lutaram contra a ditadura", disse o assessor do ministro Guido Mantega. Ele também receberá pensão de R$ 4,7 mil.
Já Ziraldo, escritor e chargista, e o cartunista Jaguar, trabalhavam no "Pasquim" quando o semanário sofreu forte repressão por ser considerado ofensivo pela ditadura. Os dois receberão pensão mensal de cerca de R$ 4 mil, além de uma verba de R$ 1.000.253,24.
O montante, que será parcelado, é retroativo a 1990, antes da criação da Comissão de Anistia, em 2001. Isso porque os jornalistas fizeram o pedido ao Ministério do Trabalho em 1990, por meio da ABI.
Fonte: Tribuna da Imprensa