terça-feira, março 18, 2008

Roubo de urnas dá cadeia e impede apuração

Quem achou que as ameaças de morte, os bate-bocas e a anulação do resultado do segundo turno do Processo de Eleições Diretas (PED) do PT seriam cenas do passado se enganou redondamente. O terceiro turno extraordinário para eleição do presidente estadual do partido deu ainda mais ‘pano pra manga’. Pelo menos duas urnas foram roubadas no interior do Estado, três homens foram presos, entre eles o militante do partido José Carlos Simões Franco, sob acusação de serem os autores do roubo de uma urna no município de Medeiros Neto, Extremo Sul do Estado. Além de Franco, Emanuel Santos Filho e Dilson de Jesus, que seriam supostamente ligados ao presidente do PT, Marcelino Galo - foram presos no domingo depois de roubarem a urna em que militantes petistas votavam no PED. Em protesto à prisão, militantes do PT, que consideraram arbitraria a atitude da Polícia Militar, deram início a um protesto na tarde de ontem, na sede do partido, em Nazaré, paralisando a contagem de votos por volta das 16 horas. No início da noite o presidente estadual do partido, Marcelino Galo, fez um pronunciamento para os militantes e os ânimos voltaram a se exaltar. “A que ponto nós chegamos”, lamentou um assessor. Outra urna foi roubada no município de Caetité. Dessa vez o roubo teria sido praticado por pessoas ligadas a Jonas Paulo, que disputa a presidência estadual com Marcelino Galo. Com a paralisação da contagem dos votos, a previsão é de que o resultado do segundo turno do PED seja divulgado amanhã. A primeira parcial divulgada apontava Jonas Paulo em primeiro lugar com uma diferença de quase mil votos. A apuração já havia sido feita em 107 municípios. Jonas Paulo liderava com 3.214 votos (51,9%), enquanto Marcelino Galo aparecia com 2.981 votos (48,1%), dos 6.195 votos válidos. A apuração apontava apenas 20 votos em branco e 89 nulos. Até o fechamento desta edição, a situação na sede do partido ainda não havia sido normalizada. Como os três militantes presos em Medeiros Neto foram autuados em flagrante, permanecerão presos até decisão da justiça. Em poder de José Carlos Simões, a polícia encontrou ainda tíquetes-combustível, pertencentes à Assembléia Legislativa, no valor total de R$ 1.710,00. O acusado se defendeu ressaltando ser funcionário da assembléia. Sem consenso em várias das grandes e médias cidades do país, o PT se reuniu ontem para fechar um diagnóstico sobre a situação eleitoral nos principais municípios. Para o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a possível candidatura da ministra do Turismo Marta Suplicy como cabeça de chapa e Orestes Quércia (PMDB) como candidato a vice prefeito deve ser definida logo. “Ainda estamos conversando. A Marta me disse que está pensando sobre o assunto. Para nós, a aliança com o PMDB interessa em todo país”, disse o petista, reiterando que a ministra Marta Suplicy (Turismo) é o único nome do PT para concorrer em SP. A idéia é que na próxima segunda-feira o Diretório Nacional do PT defina as alianças nas cidades de médio e grande porte. Berzoini evitou ontem descartar eventuais parcerias com partidos políticos que fazem oposição em nível nacional ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, há situações em que a “dinâmica municipal” se sobrepõe à nacional. O PT quer ter candidatos próprios também para as prefeituras do Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT). Destas capitais, o PT já definiu os nomes em cinco cidades: Luizianne Lins, em Fortaleza; João da Costa, em Recife; Maria do Rosário, em Porto Alegre; Gleise Hoffmann, em Curitiba —que é mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento)—, além de Marta, em São Paulo. Há capitais em que o PT vive um dilema, pois além do diretório municipal querer lançar nome próprio, os supostos adversários municipais pertencem a partidos da base de apoio nacional do presidente Lula. Um desses casos é o do prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), que é candidato à reeleição. Na capital baiana, o PT tem pelo menos três nomes que postulam concorrer às eleições: os deputados federais Nelson Pellegrino e Walter Pinheiro, além do deputado licenciado Luiz Alberto. No Rio, a situação não é diferente: o deputado estadual Alessandro Molon e o ex-deputado Vladimir Palmeira também querem disputar em outubro, mas o governador do Estado, Sérgio Cabral Filho (PMDB) —que é aliado de Lula —defende o nome do seu secretário de Esportes, Eduardo Paes (PMDB). Lula avisou que só sobe em palanque de candidato que pertencer à base de apoio nacional do governo. O próprio presidente informou que pretende intensificar suas viagens no primeiro semestre deste ano. (Por Carolina Parada)
Varela se prepara para levar “missão” adiante
O apresentador Raimundo Varela (PRB) cada vez mais dá sinais de que sua candidatura à prefeitura de Salvador é irreversível. Além de vir fazendo críticas constantes no programa Balanço Geral da TV Itapoan e Rádio Sociedade contra a administração do prefeito João Henrique (PMDB), que é candidato à reeleição, ele também vem se movimentando nos bastidores e costurando apoios para reforçar a sua campanha. Ontem o apresentador deu mais um passo significativo em relação às suas pretensões de entrar na disputa pelo Palácio Thomé de Souza ao passar o comando do programa Balanço Geral no TV Itapoan para Zé Eduardo, contratado recentemente para ser o seu substituto. Depois de uma rápida troca de gentilezas entre os dois, com direito a abraços e emoção, Zé Eduardo revelou que vai substituir o apresentador no rádio e na TV “para que Varela possa cumprir uma nova missão em sua vida”. E esta missão, diante de tudo o que já foi dito, é a campanha para a prefeitura de Salvador. A possível candidatura de Raimundo Varela a prefeito de Salvador pelo Partido Republicano Democrático (PRB) tem o aval da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus e da TV Record. Assim como Varela, o bispo e senador Marcelo Crivela, no Rio de Janeiro, também conta com este apoio, já tendo, inclusive, afastado a pré-candidatura do apresentador Wagner Montes (PDT), que liderava todas as pesquisas de intenção de votos que já foram realizadas. (Por Evandro Matos)
Pré-candidato já se articula
Sem se descuidar do marketing, Varela também tem agido nos bastidores e feito um esforço para botar o seu bloco na rua. Diferente de 2004, quando liderava as pesquisas e desistiu de ser candidato em cima da hora, este ano tem sido diferente. Mesmo contrariando a lei eleitoral, cerca de cinco a dez pessoas tem se posicionado estrategicamente no centro da cidade ostentando bandeiras do PRB com dizeres como “Salvador inteira é 10”, numa alusão ao número do partido associado aos resultados das pesquisas, que têm apontado Varela na liderança. Na semana passada o pré-candidato do Partido da República Brasileira teve um encontro em Brasília com o senador César Borges e o deputado federal José Rocha, dirigentes do PR estadual, para uma possível aliança nas eleições municípios. No encontro, Varela esteve acompanhado do diretor geral da Rede Record, Alexandre Raposo, e do diretor da Record na Bahia, Fabiano Freitas. O senador César Borges confirmou o encontro, mas disse que não ficou nada definido. “A época é de conversas políticas. Quem tem nos procurado, nós temos conversado. Foi uma primeira etapa, que não é o primeiro, mas foi um contato mais aprofundado”, admitiu. Ele negou, contudo, especulações sobre a vaga de vice oferecida por Varela. “A participação está em aberto. Existem várias possibilidades de se participar”, concluiu. (Por Evandro Matos)
Governo nega caráter eleitoreiro
A menos de sete meses das eleições municipais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu estender o pagamento do programa Bolsa Família para jovens de 16 e 17 anos. A partir de ontem, as famílias que já possuem crianças e jovens inscritos no programa poderão ampliar o benefício caso os filhos já tenham completado 15 anos —idade fixada como limite, em 2003, para o pagamento do Bolsa Família. A secretária nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Rosani Cunha, negou que a extensão do programa tenha fins eleitoreiros, mesmo atingindo jovens já autorizados pela Legislação Eleitoral a votarem. “Estamos falando de uma modalidade dentro do programa. A compreensão do governo é a de que não faremos um novo benefício, mas um ajuste em um programa que já existia. Não é a ampliação do Bolsa Família, mas o seu aperfeiçoamento. Além disso, a extensão foi aprovada pelo Congresso no ano passado”, afirmou. Segundo a secretária, o pagamento continuará sendo repassado à mãe (ou chefe da família) responsável pelo jovem. “Quem melhor consegue decidir onde adotar esse dinheiro é a própria família, preferencialmente a mãe. A decisão foi muito mais para guardar coerência com o Bolsa Família que qualquer outra coisa”, disse a secretária ao ser questionada sobre o suposto viés eleitoreiro da extensão.
Fonte: Tribuna da Bahia