Edson Borges Sucursal Feira de Santana
Documentos escondidos na Fazenda Gameleira, do ex-prefeito de Rio Real, Raimundo Guimarães Nascimento (PSC), fornecem indícios de que ele teria chefiado esquema de desvio de recursos municipais durante sua gestão. Segundo o promotor de justiça no município, Luciano Taques Ghignone, foram encontrados vários talonários de notas fiscais de empresas “fantasmas” que seriam manipuladas pelo ex-prefeito para que recebesse irregularmente dinheiro da prefeitura. “Esses talonários confirmam nossas suspeitas. Era o elo que faltava entre o ex-prefeito e as empresas fantasmas”, afirmou o promotor. “Se ele estivesse na fazenda no momento da operação policial, certamente seria preso em flagrante, pois já se configura crime serem encontrados na propriedade privada processos de pagamento da prefeitura”, acrescentou.
Prefeito por dois mandatos, o último encerrado em 2004, Raimundo Guimarães Nascimento, natural de Sergipe, mantinha na fazenda centenas de documentos da Prefeitura de Rio Real. Tudo foi descoberto durante batida da Polícia Civil e do Centro de Recursos Ambientais (CRA), que foram na propriedade para averiguar a possibilidade de crime ambiental com a exploração irregular de madeira. Todos os documentos encontrados na fazenda estão, agora, na Prefeitura de Rio Real, à disposição da Justiça.
O promotor Luciano Taques Ghignone vai encaminhar requerimento ao Poder Judiciário, solicitando acesso a todos eles para iniciar uma minuciosa investigação. O promotor informou, ainda, que o ex-prefeito já responde a processos cíveis por improbidade administrativa, criminais por desvio de recursos, e eleitoral por irregularidades praticadas nas últimas eleições. Como nenhum processo foi concluído, o ex-prefeito pode circular livremente pela cidade.
Amparados por um mandado de busca e apreensão, os policiais encontraram os documentos suspeitos quando arrombaram o cômodo numa casa da sede da Fazenda Gameleira, situada no município de Entre Rios, a 60 km de Rio Real. Ficaram surpresos quando descobriram processos de pagamentos e empenhos de despesas da prefeitura, inclusive de empresas “laranjas”. O delegado de Entre Rios, Alexandre Narita, frisou que houve muita dificuldade para abrir a porta do cômodo. Foi necessária a retirada dos parafusos para soltar as dobradiças. “Havia tantos documentos, que precisamos de seis veículos para transportar tudo”, destacou. A TARDE não conseguiu falar com o ex-prefeito.
Fonte: A TARDE