Diagnóstico por imagem usa substância rastreadora para localizar células especiais
Paulo Marcio Vaz
A Bayer HealthCare anunciou ontem, em São Paulo, novidades sobre uma pesquisa relacionada a um novo método de diagnóstico por imagem chamado Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET). Pelo método, de acordo com os pesquisadores, já é possível diagnosticar com precisão e de forma precoce alguns tumores cancerígenos e, futuramente, doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer também poderão ser diagnosticadas precocemente, por meio da imagem molecular.
O diagnóstico é possível graças a uma espécie de rastreador (FDG), que é administrado ao paciente a ser examinado de forma semelhante ao contraste usado normalmente em exames de diagnóstico como raios X, tomografia computadorizada e ressonância magnética. O rastreador se comporta dentro do organismo de forma parecida com a glicose, acumulando-se em células com exigências nutricionais altas, característica típica dos tumores. A alta concentração do rastreador junto a essas células é detectado por um aparelho específico chamado PET Scan, tornando possível o diagnóstico, às vezes, com anos de antecedência em relação aos exames mais comuns.
Já há alguns aparelhos de PET Scan em funcionamento no Brasil (12 ao todo), no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Campinas, capazes de detectar precocemente cânceres como os de próstata, mama e pulmão.
Em relação ao Alzheimer, a Bayer desenvolve um rastreador chamado BAY 94-9127, que poderá ser capaz de detectar uma proteína presente no cérebro, que está ligada à causa da doença. Hoje, essa proteína só é capaz de ser detectada depois da morte do doente, durante o processo de necropsia. Um outro composto, ainda sem nome, também está sendo desenvolvido e será capaz de diagnosticar precocemente a esclerose múltipla.
– Ainda não temos como saber quando o BAY 94-9127 vai chegar ao mercado, mas gostaria que isso acontecesse até 2012 – diz Ludger Dinkelborg, chefe de pesquisa em diagnósticos por imagem da Bayer.
Preço
Segundo a Bayer, entre as dificuldades de popularização dos diagnósticos por imagem molecular no Brasil estão os custos dos equipamentos necessários para a realização dos exames e o treinamento específico dos profissionais. Por ser um método novo, o PET não é coberto pelos planos de saúde, nem pelo SUS. Um exame no Brasil pode custar em torno de R$ 3 mil.
– Estamos trabalhando para que as pesquisas avancem ao ponto de podermos ter a cooperação das instituições responsáveis por atestar oficialmente a eficiência dos diagnósticos, para que os pacientes possam ter reembolso de seus planos de saúde – afirma Dinkelborg.
Outro fator importante dos FDGs, segundo a Bayer, é que as substâncias são aplicadas em pequenas doses, tornando o risco de reações adversas menos prováveis do que aquelas relacionadas aos contrastes comuns, utilizados para realçar as imagens. A intenção da Bayer é, cada vez mais, produzir contrastes e FDGs específicos para cada parte do organismo, fazendo com que os exames sejam cada vez mais precisos e os diagnósticos, mais precoces.
Fonte: JB Online