Pesquisadores investigam os genes responsáveis pela doença
Rachel Rimas
Ciência Hoje/RJ
O mistério relacionado às causas da epilepsia começa a ser esclarecido. Pesquisadores constataram que uma das formas mais recorrentes da doença tem base genética diferenciada. Embora os resultados sejam preliminares, acredita-se que a descoberta poderá levar à identificação dos genes responsáveis por esse tipo de epilepsia, proporcionando um maior conhecimento sobre os mecanismos cerebrais da doença e indicando novas formas de tratamento.
A pesquisa foi realizada por Cláudia Maurer Morelli, com supervisão da neurogeneticista Íscia Lopes Cendes, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para analisar a estrutura genética dos pacientes, a equipe usou uma técnica de última geração, pela primeira vez empregada no Brasil, capaz de fornecer informações sobre os eventos celulares que desencadeiam a epilepsia. Segundo Morelli, ao contrário de outros métodos, que permitem checar apenas poucos genes, essa técnica dá uma visão global do genoma humano.
Os resultados mostram que a expressão dos genes é diferente entre os diversos portadores da doença e entre portadores e não-portadores. Até o momento, foram identificados 2,3 mil genes expressos de maneira diferente entre o tecido epiléptico e o tecido dos não-portadores.
O próximo passo do grupo será tentar descobrir quais genes estão efetivamente ligados à doença.
– Assim poderemos entender melhor os mecanismos responsáveis por essa doença e o que a desencadeia. Além disso, a base de dados gerada por esse estudo certamente abrirá novas frentes de investigação, ampliando a rede de pessoas que podem se beneficiar dos nossos resultados –, afirma Morelli, que recebeu um prêmio da Sociedade Norte-americana de Epilepsia (AES, na sigla em inglês) pelos resultados da pesquisa.
Fonte: JB Online