Uma vez mais o país se vê assolado por uma série de ações criminosas orquestradas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e seu comparsa de sotaque internacional, a Via Campesina. Desde o início do mês, os sem-terra perpetraram vários atentados à sociedade, sem respeitar direitos alheios ou o patrimônio privado e nacional. O que mais assusta, no entanto, é a passividade com que o governo Lula encara tais ações.
Neste março vermelho, os ditos "manifestantes" derrubaram portões, quebraram vidros, bloquearam ferrovias e paralisaram as obras da hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins. Também ocuparam outras quatro geradoras de energia no Sul e no Nordeste do país e bloquearam a estrada de ferro da Vale que atravessa o município mineiro de Resplendor. Por obra do acaso, não houve registro de mortes - embora em quase todos os casos, vigilantes particulares tenham sofrido agressões por parte da turba descontrolada.
Os alvos e a estratégia de guerrilha são velhos conhecidos de todos - inclusive das autoridades de segurança. Em maio do ano passado, ancorados numa difusa pauta de reivindicações e amparados em manifestações espalhadas por vários Estados, as mesmas organizações invadiram a sala de controle da Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Saíram de lá depois de intensas negociações em Brasília.
O fato é que a modernização do agronegócio, levada a cabo nos últimos anos de Norte a Sul do país, praticamente exterminou com as terras ociosas tão reclamadas pelos bandos acima citados. O lema da reforma agrária não encontra mais espaço (físico mesmo, além de ideológico) para se plasmar, muito menos da forma primitiva com a qual sonham os ativistas - que enxergam no capitalismo o grande mal da humanidade e se posicionam contra quaisquer avanços científicos ou tecnológicos, como as pesquisas com organismos geneticamente modificados.
Assim, o que se cobra, agora, é a abertura de inquérito e de processos contra quem se coloca acima das normas legais, atropela direitos e a própria Constituição. Não dá mais para assistir a cenas de desrespeito e práticas de crime sem punição. A luta pela terra perde toda e qualquer razão de ser quando se quer tirar da terra quem nela habita. Ou quando se usa da força bruta para conquistá-la.
Moral dupla
O episódio já seria constrangedor - para não dizer inadmissível. Mas os contornos da espantosa história do governador de Nova York, visto em maus lençóis aos ser denunciado em envolvimento com uma rede de prostituição de luxo em Washington, tornam ainda mais impressionante o caso. Segundo as denúncias resultantes de investigações federais, Eliot Spitzer era cliente da Emperors Club Vip, uma rede que cobrava US$ 5.500 por hora pelo programa com "prostitutas de luxo". Gravações informariam o tamanho da fortuna gasta pelo político com a diversão sexual.
Conflagrado pelas denúncias e pela forte pressão pública, Spitzer renunciou ontem, ao lado da mulher e com um constrangedor e talvez inútil pedido de desculpas - e caso não o fizesse já estava montado o impeachment para tirá-lo do posto. Tornou-se, com a saída, o primeiro governador de Nova York a deixar o cargo em quase um século. Convém lembrar que ele renunciou mas enfrentará agora o indiciamento da promotoria. Não houve acordo, nem conchavo para uma saída honrosa, como se costuma assistir por aqui.
O caso, insista-se, já seria incompatível do ponto de vista moral, familiar ou político. O que torna o episódio ainda mais impressionante é a lembrança de que o ex-governador construiu seu legado político sobre o combate à corrupção, incluindo batalhas que foram manchetes de jornais contra empresas de Wall Street, quando trabalhava como procurador-geral. Trabalhara ainda em diversos processos contra redes de prostituição e turismo envolvendo prostituição. Em 2004, por exemplo, atuou com sucesso na desmontagem de uma quadrilha acusada de promover a prostituição. A fusão dos papéis de investigador e investigado fazem de Spitzer um caso exemplar de moral dupla - ou moral às avessas.
Fonte: JB Online