Um ato de repúdio à ação promovida por policiais civis contra o Juiz Federal Roberto Dantes Shuman de Paula reuniu, no auditório da Justiça Federal, ontem à tarde, representantes da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Segundo o depoimento de Shuman, no último dia 4, segunda-feira de carnaval, ele saltou de um táxi na Lapa, Centro do Rio, quando um carro da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) buzinou para ele sair da rua. Shuman teria ido para a calçada e pedido desculpas aos policiais. Neste momento os policiais teriam começado a insulta-lo. O Juiz teria questionado a atitude dos policiais, que o algemaram e o levaram para a delegacia.
Segundo os policiais, Shuman foi detido por desacato, crime que não permite a prisão em flagrante de juízes. O Juiz Roberto Shuman disse que este não era um ato em defesa da magistratura, mas da cidadania brasileira.
- As minhas marcas no pulso já desapareceram, mas as marcas que ficaram só me fortaleceram - disse. - Nunca deixem nada passar. Se queremos que as coisas sejam diferentes, não podemos ficar inertes.
O Ministério Público Federal (MPF) investigará denúncia pelos crimes de abuso de autoridade, violência arbitrária e desacato contra os três policiais envolvidos, que já estão afastados de suas atividades. Se culpados, eles podem ser expulsos da corporação.
O presidente da Ajufe, Walter Nunes da Silva Junior, criticou o trabalho dos policiais no Rio e garantiu que a ação não ficará impune.
- Infelizmente, essas arbitrariedades fazem parte do cotidiano da polícia no Rio - lamentou.
Fonte: JB Online