O delegado Janderlyer Gomes da Silva, que preside o inquérito da Polícia Federal sobre a Operação Taturana, confirmou que as gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça fazem parte da base de provas usadas para indiciar os deputados estaduais acusados do desvio de R$ 280 milhões dos cofres da Assembléia Legislativa de Alagoas, nos últimos cinco anos.
Dos 27 deputados estaduais, doze já foram indiciados, entre os quais cinco integrantes da Mesa Diretora da Assembléia, presidida pelo deputado Antônio Albuquerque (DEM). "As gravações revelam conversas comprometedoras entre deputados, ex-deputados, políticos em campanha eleitoral, empresários, assessores parlamentares e funcionários da Assembléia", afirmou o presidente do Sindicato dos Policias Federais de Alagoas (Sinpofal), Jorge Venerando.
Segundo ele, trechos desses diálogos foram usados pelo Ministério Público Federal na representação criminal impetrada no Tribunal Regional Federal da Quinta Região, em Recife (PE). "Essa representação deflagrou a Operação Taturana, em dezembro de 2007", lembrou Venerando, que é um dos coordenadores do Movimento Social Contra a Criminalidade em Alagoas (MSCC).
Na semana passada, o MSCC realizou uma grande manifestação em Maceió para exigir a cassação dos deputados envolvidos na Operação Taturana. O inquérito sobre o caso ainda não foi concluído, mas a PF já indiciou mais de 80 pessoas acusadas de participação no esquema. "As gravações revelam políticos pendido dinheiro à máfia da Assembléia para campanha eleitoral nas eleições de 2006; revelam ex-deputados desesperados cobrando dinheiro para cobrir despesas com a campanha eleitoral derrotada, como foi o caso de ex-deputado estadual Gilberto Gonçalves. Enfim, há gravações muito mais comprometedoras, mas que estão sendo preservadas para não prejudicar as investigações", afirmou o presidente do Sindicato.
O próprio superintendente da PF em Alagoas, José Pinto de Luna, já disse que as provas contra os envolvidos no golpe são robustas e todas elas obtidas de forma legal. "São documentos obtidos juntos a órgãos federais, como a Receita Federal e ao Banco Central; depoimentos de testemunhas e gravações de conversas entre os integrantes da organização criminosa ou com pessoas como que realizavam negócios escusos, para lavagem de dinheiro", afirmou Venerado.
Segundo ele, esta semana a PF vai ouvir parentes dos deputados da Mesa Diretora da Assembléia, entre eles, o presidente afastado Antônio Albuquerque.
Em entrevista à imprensa, Albuquerque negou qualquer envolvimento no golpe, mas a PF descobriu que não só ele, mas seus irmãos e a secretária se beneficiavam da fraude à folha de pagamento da Assembléia. Dois irmãos do deputado e a secretária Daniela já foram indiciados pela PF por envolvimento no golpe.
Fonte: Tribuna da Imprensa