A morte misteriosa de mais de mil aves às margens do Lago de Sobradinho, no município de Remanso, a 694km de Salvador, está deixando preocupados pescadores e moradores do local. As aves são migratórias e o receio inicial da população era de que elas estivessem com alguma doença contagiosa.
Ainda não se sabe a causa da mortandade, mas laudo preliminar da Cetrel (Empresa de Proteção Ambiental S/A do Pólo de Camaçari) descarta a possibilidade de contaminação pelo vírus influenza H5N1, causador da gripe aviária. A Cetrel firmou parceria com o Ministério da Saúde para monitorar a doença no país.
Segundo laudo do Centro de Recursos Ambientais (CRA), também está descartada a possibilidade de intoxicação das aves por metais, o que também foi confirmado pela avaliação feita pela própria Cetrel. Ambos os documentos garantem que o problema não representa riscos para a saúde da população. A morte das aves começou há cerca de dois meses.
A principal suspeita dos técnicos da cetrel é que as aves sofreram uma intoxicação botulínica aviária, inofensiva aos seres humanos. Também está sendo pesquisado o risco de contaminação por agrotóxicos e por outros vírus. O CRA aguarda um laudo conclusivo das amostras que estão sendo analisadas pelo laboratório da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
A área onde os animais apareceram mortos está localizada entre os povoados de Serrote Pelado e Toca Toca. Segundo a presidente da Colônia de Pescadores de Remanso, Vera Lúcia Pereira Ferreira, os órgãos foram acionados no dia 16 de janeiro. Os técnicos recolheram amostras da água do Sobradinho e dos animais. Os especialistas catalogaram 32 espécies de aves. Dessas, 12 estão sofrendo a mortandade. Entre elas, a marreca-asa-branca, marreca-viuvinha, garça branca, pato de crista, paturi e carcará.
Consumo - Alguns pescadores consumiram e comercializaram a carne das aves e passaram mal. Os principais sintomas descritos por eles foram dores de cabeça, dor abdominal, calafrios e diarréia. “Muitos ainda se queixam que estão sofrendo de diarréia”, conta Vera Lúcia.
É grande a preocupação da população com a possibilidade de contaminação. Isso porque ainda existem muitos restos mortais de aves na margem do lago. “Os pescadores e até a comunidade bebem dessa água e consomem os peixes do lago. Desde que notamos a gravidade do problema, começamos a alertar toda a população nas rádios da cidade. Fizemos uma grande campanha, pois ainda nada está esclarecido”, salienta.
Os pescadores são os mais preocupados, pois temem que uma possível contaminação comprometa a pesca no lago. “Por enquanto, a gente continua consumindo os peixes, mas não sabemos até quando”, afirmou o pescador Jonas da Silva matos, 28.
Fonte: Correio da Bahia