domingo, fevereiro 17, 2008

Encontrada uma mina intacta de 2 mil anos

Outra pesquisa, também realizada no Peru, desta vez por arqueólogos da Universidade de Purdue, em Indiana, nos Estados Unidos, revelou como uma civilização anterior ao Império Inca já fazia uso do minério de ferro, inclusive exercendo um grande trabalho de mineração. Uma mina intacta descoberta no Ingenuo Valley, na região dos Andes, mostrou como o mineral era importante para a civilização Nasca, que existiu do ano 1 até 750 da Era Cristã.
- Os arqueólogos já tinham conhecimento de que, há milhares de anos, antigas civilizações faziam trabalhos de mineração - disse o antropólogo Kevin J. Vaughn - A mineração do ferro nas civilizações antigas, especialmente na África, tem cerca de 40 mil anos. Mas não há muitas evidências a respeito das minas.
A descoberta de uma mina de hematita - principal minério de ferro - revelou alguns aspectos a respeito de como o mineral era aproveitado naquela época. A hipótese de Vaughn é a de que o povo Nasca usava o pigmento vermelho ocre da hematita para pintar cerâmicas, tecidos, paredes e o próprio corpo. A civilização Nasca é conhecida por centenas de desenhos no Deserto de Nasca - conhecidos como Nasca-Lines - que podem ser vistos apenas do alto, e por um sistema de aqueduto que ainda é usado.
Vaughn e sua equipe começaram a escavar a Mina Primavera em 2004 e 2005. Em 2006 e 2007 eles aprofundaram as pesquisas de campo e recolheram alguns objetos. As descobertas da escavação foram publicadas no Journal of the Minerals, Metals & Materials Society.
Exploração
A mina é uma caverna construída por humanos há cerca de 2 mil anos. Por volta de 3.710 toneladas de hematita devem ter sido extraídas durante mais de 1.400 anos de exploração. A mina, que ainda guarda cerca de 700 m³ de hematita, está em um rochedo íngreme, próxima a uma outra, moderna, em atividade.
Dentro da Primavera, os arqueólogos descobriram alguns objetos como espigas de milho, ferramentas de pedra e peças de tecido e cerâmica. A idade dos ítens foi determinada por radiocarbono, um processo baseado na avaliação do decréscimo natural de alguns elementos químicos.
- A arqueologia já conseguiu uma coleção muito boa da cerâmica produzida nessa região. Por isso, podemos simplesmente olhar para muitos desses exemplares e calcular uma data relativa a um determinado século, baseado nas mudanças de estilo - disse Vaughn. - Mesmo antes da datação, sabíamos que era uma mina muito antiga.
As peças encontradas são fragmentos muito pequenos, do tamanho de moedas, com desenhos distintos, similares aos da civilização Nasca em seu período mais remoto. Os objetos estão no museu do Instituto Nacional de Cultura do Peru, na cidade de Ica.
- Agora há evidência arqueológica de que antigas civilizações nos Andes faziam mineração. É importante dar este crédito a elas - disse Vaughn. - Mesmo que civilizações antigas dos Andes trabalhassem com alguns metais, como o cobre, elas nunca trabalharam com o ferro para fazer armas ou fabricar artefatos de luxo para a elite, como acontecia em outras civilizações da América.
Fonte: JB Online